Casa Revista de moda Obra de arte círculo social Equipamentos de saúde Notícias atuais MAIS

Entrevista: nível de satisfação com a democracia dobrou desde 2018, diz cientista político Leonardo Avritzer

2024-07-14 HaiPress

O cientista político Leonardo Avritzer,professor da UFMG,é um dos participantes da elaboração da pesquisa 'A Cara da Democracia' — Foto: Alina Souza/Divulgação Palácio do Piratini/09-05-2016

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 14/07/2024 - 04:30

Avaliação da democracia no Brasil

A satisfação dos brasileiros com a democracia dobrou desde 2018,apesar dos ataques a instituições. A confiança na Justiça Eleitoral e nas urnas eletrônicas oscilou,mas a Presidência e o Congresso tiveram melhorias. Os desafios incluem o impacto do bolsonarismo e a desconfiança na contagem de votos.

O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.

LEIA AQUI

A satisfação dos brasileiros com a democracia tem aumentado,mas ataques orquestrados a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deixaram marcas na forma como a população percebe essas instituições. A avaliação é do cientista político Leonardo Avritzer,pesquisador da UFMG e um dos participantes da pesquisa "A Cara da Democracia".

De acordo com Avritzer,os dados do levantamento em 2024 mostram um incremento substancial da percepção positiva do regime democrático na comparação com a primeira edição da pesquisa,em 2018. Apesar dos sinais de saúde democrática,o pesquisador alerta,por outro lado,para desafios às vésperas das eleições municipais. Leia a seguir os principais pontos da entrevista:

As eleições municipais serão o primeiro pleito após o 8 de Janeiro. O que os dados da pesquisa indicam em relação à percepção dos brasileiros desde então?

No 7 de Setembro de 2022,avaliamos que a eleição daquele ano era um “plebiscito” sobre se o Brasil continuaria democrático e em quais condições. O que a gente viu é que a democracia de fato correu riscos. Agora,temos uma situação diferente,à medida que se aproxima o processo eleitoral de 2024. Em primeiro lugar,melhorou o percentual daqueles brasileiros que dizem que estão satisfeitos com a democracia. Bolsonaro foi eleito em 2018 com apenas 1% dos brasileiros se dizendo muito satisfeitos e a satisfação com a democracia alcançava 17%. Agora,temos 36% dos brasileiros já se dizendo satisfeitos com a democracia,e mais 3% muito satisfeitos. O nível de satisfação com a democracia se aproxima da casa dos 40%. É uma mudança importante: dobra em relação a 2018.

Pesquisa 'A Cara da Democracia',edição de 2024 — Foto: Editoria de Arte

E quais são os desafios?

Ainda existem problemas. Quando a gente pergunta se um golpe de Estado se justificaria em alguma circunstância,o interessante é que,dentre os itens que a gente sempre mediu desde 2018,dois sempre tiveram maioria a favor. Agora,apenas um tem. O golpe de Estado já não se justifica no caso de alta criminalidade: hoje,mais de 50% são contra. Em caso de muita corrupção,há empate técnico: 49% falam que seria justificada a tomada de poder pelos militares,mas 47% dizem que não. O bolsonarismo ainda influencia como a democracia é vista. Mas a derrota dele também permitiu elementos importantes de recuperação democrática que precisam ser ressaltados.

Pesquisa 'A Cara da Democracia',edição de 2024 — Foto: Editoria de Arte

Em relação à Justiça Eleitoral e às urnas eletrônicas houve oscilação para cima na desconfiança frente a 2022. Considerando que estamos em ano eleitoral,que tipo de risco esse movimento implica?

A questão é nova e foi trazida pela extrema-direita. Hoje,32% dizem que não confiam na contagem de votos,23% confiam muito e 29% confiam mais ou menos. O dado é contraditório: ainda existe uma maioria de brasileiros com confiança,mas os que não confiam já estão em contingente maior do que os que “confiam muito”. Isso é preocupante,mostra que a atuação do ex-presidente Bolsonaro e do PL em questionar o sistema deixou marcas na opinião pública. A Justiça Eleitoral se desgastou. Isso mostra como o ataque orquestrado a instituições com credibilidade,via redes sociais,as afeta. A Justiça Eleitoral historicamente tem muita confiança,mas sofreu um processo de erosão.

Por outro lado,há variações positivas na avaliação da Presidência e do Congresso.O que explica essa diferença em relação ao Judiciário?

Quando as instituições são atacadas,cai a confiança nelas. Em 2018,quando fizemos a primeira rodada da pesquisa,o índice de confiança do Congresso era baixíssimo. Era uma época de prisões de várias lideranças. A Presidência,sob Michel Temer,também vinha mal,e hoje parece haver uma recuperação. No caso do Congresso,o índice atual de confiança chega a 38%,o que é bastante alto na série histórica (era de 20% em 2018). Hoje,apesar de haver muita crítica em relação às emendas,não existe um ataque direto ao Congresso. O que há são desgastes pontuais com certos projetos de lei,como o PL Antiaborto e a PEC de privatização de praias.

No caso do Congresso,além dessa maior blindagem,o fato de ter mais poder sobre o Orçamento via emendas pode ter ajudado a melhorar sua imagem “na ponta”?

Essa é outra hipótese,porque as pessoas hoje recebem benefícios que vêm carimbados. Pode ser que a população esteja identificando isso,sim.

Declaração: Este artigo é reproduzido em outras mídias. O objetivo da reimpressão é transmitir mais informações. Isso não significa que este site concorda com suas opiniões e é responsável por sua autenticidade, e não tem nenhuma responsabilidade legal. Todos os recursos deste site são coletados na Internet. O objetivo do compartilhamento é apenas para o aprendizado e a referência de todos. Se houver violação de direitos autorais ou propriedade intelectual, deixe uma mensagem.

Mais recentes

Cabaz alimentar subiu: Eis o 'top3' dos produtos que mais encareceram

Mercadona já abriu em Coimbra (e criou mais 90 postos de trabalho)

Brent cai para mínimos de março de 2023

Transações na rede multicaixa em Angola cresceram 9,3% em agosto

Cotação do Brent cai 2,24% e atinge novo mínimo anual

Montenegro pede que oposição meta "pés no chão". "Portugal precisa de OE"

© Direito autoral 2009-2020 Capital Diário de Lisboa    Contate-nos  SiteMap