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Vamos fazer as pazes com a ansiedade?

2024-08-06 HaiPress

Cena de 'Divertida Mente 2' — Foto: Divulgação

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 06/08/2024 - 04:30

"A importância de lidar com a ansiedade"

A ansiedade é um fenômeno global,sendo o Brasil um dos países mais ansiosos. A psicóloga Gabriela Casotti destaca a importância de compreender e lidar com a ansiedade,sugerindo terapia,exercícios físicos e escrita como formas de canalizar emoções e pensamentos. O caderno pessoal é recomendado para registrar e organizar sentimentos,contribuindo para a compreensão interna e terapêutica.

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Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o Brasil é o país mais ansioso do mundo. De jovens a idosos,todos se dizem ansiosos. Mas a ansiedade não é exclusividade brasileira: é mundial. Tanto que virou personagem de destaque em Divertida Mente 2,campeã de bilheteria que ultrapassou US$ 1,5 bilhão e ganhou o posto de a maior animação de todos os tempos. Por aqui,encabeça a lista de maior bilheteria do país,à frente de Vingadores: Ultimato (2019) e Titanic (1997).

Na definição médica clássica,a ansiedade é caracterizada por preocupação excessiva em relação a situações do dia a dia. Essas preocupações levam a sintomas físicos que vão desde agitação mental,cansaço,irritabilidade e tensão muscular até alterações do sono. Na prática,uma descrição comum é que “a cabeça não pára de pensar”.

— Vejo a ansiedade como um movimento interno sentido no corpo e na mente. Ela pode se manifestar como uma grande tensão que chega a travar a coluna,a lombar e o pescoço ou por meio de um turbilhão de pensamentos acelerados,por exemplo — diz a psicóloga junguiana Gabriela Casotti,pós-graduada em psicologia analítica (@gabrielacasotti).

Para a especialista,a ansiedade não é necessariamente um problema: a questão é como lidamos com esses pensamentos e emoções. — Eu paro paro observá-los? Sei o que estão querendo me dizer? Ou apenas interpreto que essa movimentação dentro de mim é ruim,algo que me dá medo e só quero deixar de sentir? — questiona.

Gabriela defende que chamamos esse movimento interno de ansiedade quando as sensações estão desorganizadas dentro da gente. — Se não conseguimos entender algo ou lidar com aquilo que sentimos é comum ficarmos bravos,irritados. O coração acelera,as mãos começam a suar,o fluxo de pensamentos aumenta. A pessoa sente uma movimentação dentro de si,o pensamento não para e surgem os sintomas de ansiedade de novo,como um ciclo. E a tendência é descontar essa ansiedade na comida,na bebida… para ver se isso tudo acalma ou cessa dentro de mim.

A proposta de Gabriela é aprender a lidar com a própria ansiedade,em vez de apenas tentar interromper esse ciclo. — Controlar a ansiedade não vai nos livrar dela. É preciso reconhecer essas sensações,acolhê-las,procurar entender o que elas querem dizer e então canalizá-las de maneira efetiva e construtiva. E ela propõe um caminho.

O processo terapêutico é a primeira sugestão para aprender a entender um pouco melhor essa voz interna. — E se a ansiedade fosse uma linguagem? Um movimento interno seu buscando ter voz? Você ouviria ou continuaria tentando calar essa voz? Quando paramos de negar essa comunicação e aprendemos a observar e entender a ansiedade,percebemos que ela diz muito sobre nós.

Na terapia,a ideia é aprender a canalizar essa movimentação,que até então só ficava na mente ou presa no corpo em forma de tensão,de dor.

— A terapia nos ajuda a olhar para a alma,a estabelecer uma comunicação com essa grande movimentação dentro de nós,que são as emoções e pensamentos. Essa movimentação precisa ser organizada e a gente pode aprender a canalizar isso no dia a dia.

Vem então a segunda dica: canalizar esses sentimentos e emoções pelo movimento,pelo exercício físico. Pode ser um esporte,como beach tennis,natação,bike ou corrida,ou atividades como caminhada,ioga ou dança. Qualquer atividade física que seja acessível e faça sentido para você.

— Mexer o corpo ajuda a liberar os movimentos internos dos pensamentos e emoções,que muitas vezes ficam presos e sentidos em um ombro pesado,em um pescoço que não vira para o lado,em forma de constipação,dor de cabeça ou enxaqueca. Com o exercício,vamos canalizando a energia interna e ajudando o corpo a circular e liberar aquilo que está em grande movimento dentro de nós.

Para Gabriela,a escrita também é uma ferramenta poderosa e eficaz para lidar com a ansiedade. — Fazer um caderno pessoal é mais uma maneira de canalizar os pensamentos e emoções.

Um exemplo: se eu abrir uma torneira em um compartimento fechado sem um ralo para escoar a água,esse espaço pode inundar,transbordar,alagar. Isso acontece com a gente o tempo todo e o volume de sentimentos,sensações,intuições,pensamentos e percepções nos deixa exaustos. — Às 8 da manhã já estamos cansados de tanto pensar,em junho,não vemos a hora de o ano acabar. Nos sentimos transbordados,inundados de tantas coisas que acontecem dentro de nós.

O caderno pessoal não é uma agenda onde você anota tudo o que fez ou vai fazer. É um caderno para registrar sensações,percepções e pensamentos que teve ao longo do dia,sem filtro e sem a preocupação de construir frases perfeitas.

Se você acordou com um aperto no peito,angustiado,anota no caderno e segue o dia. Se na reunião um colega fez um comentário que te magoou,escreve. Dessa maneira a gente vai aprendendo a observar o que se passa dentro da gente.

— Escrever ajuda a escoar e organizar os pensamentos e sentimentos. Daí a importância do caderno pessoal: para que tudo tenha um lugar externo,onde seja palpável ler,observar,organizar e,se possível,trabalhar no processo terapêutico — conclui.

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