Inteligência artificial na medicina — Foto: Freepik
GERADO EM: 10/08/2024 - 04:30
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Me lembro do meu avô dizendo: “filho,impossível é apenas o que o ser humano é incapaz de imaginar”. Confesso,que aos 6 anos de idade não entendi a mensagem,embora,aquilo tivesse ficado impregnado no meu subconsciente.
Hoje,com mais de 40 anos de medicina,eu e os leitores estamos testemunhando uma transformação digital incrível e surpreendente. O impacto das novas tecnologias tem sido evidente em todas as áreas e,não diferente na medicina. O mais impressionante deles é consequência do progresso das ferramentas de Inteligência Artificial (IA).
Por isso,cabe hoje a pergunta: - Meu médico será substituído pela IA?
Se fosse me basear no raciocínio do meu avô,a resposta até poderia ser um “sim”,mas precisamos entender onde estamos e para onde queremos ir.
A evolução da medicina sempre contou com avanços tecnológicos que até serem descobertos,experimentados e incluídos na prática médica,nos trouxeram dúvidas,descrença e,muitas vezes,incômodo. Mas mesmo assim,se comprovando efetivos,trouxeram benefícios fazendo parte do dia-a-dia da atividade médica atual.
O advento da IA,tem sido mais impactante,principalmente,com a chegada da IA generativa,tipo de IA capaz de criar conteúdos,ideias,conversas,imagens,histórias,vídeos,músicas,imitando a inteligência humana. Ela pode ser treinada para aprender assuntos complexos.
Atualmente,os maiores benefícios da IA estão relacionados a gestão de dados médicos,facilitando informações relevantes para tomada de decisões corretas,monitoramento de pacientes ou indivíduos saudáveis através de wearables (dispositivos vestíveis inteligentes),diagnóstico mais preciso auxiliando a análise de imagens e identificando sinais precoces de doenças ou diagnósticos impossíveis ao olho humano,triagem de pacientes através de algoritmos de machine learning para sintomas e recomendações de tratamento,medicina personalizada que permita recomendar tratamentos individualizados,cirurgia robóticas com precisão,minimizando a chance de erros e complicações pós-operatórias. Além disso,a IA pode funcionar como assistentes virtuais de saúde,sugerindo conselhos,gerenciando condições clínicas crônicas e promovendo engajamento na rotina terapêutica,bem como,todas as tarefas administrativas que recaem sobre os profissionais médicos,permitindo mais tempo para o real cuidado ao paciente.
Todavia,existem aspectos ainda muito humanos que a IA ainda tem dificuldade para replicar de forma perfeita: a relação médico-paciente,a empatia,as tomadas de decisões complexas e o julgamento clínico. Lembrando-se que exercer medicina não é apenas decifrar uma patologia ou conhecer amiúde um tratamento,mas sim compreender holisticamente o ser humano em seu contexto psicológico,físico e social. Bons médicos são experts nisso,devo ressaltar!
Outros desafios da IA dizem respeito as questões éticas e regulatórias na medicina. A privacidade,a cumplicidade nas horas mais difíceis,vieses de algoritmos desenhados e transparência,ainda são assuntos críticos no uso da IA no cuidado médico.
IA está cada vez mais incluída na prática médica diária como uma importante ferramenta e suporte da atividade médica,mas até agora se mostra muito improvável sua completa substituição da atividade destes profissionais.
Precisamos destacar que,diferentemente do que ocorreu em 1997 nas partidas de xadrez,onde competiram o melhor jogador de xadrez de todos os tempos,Garry Kasparov,contra o super computador da época,Deep blue,que ganhou a partida. Nós médicos não somos competidores da IA,mas sim parceiros. Nossa maior adversária é a doença!
O que temos de conceber é que a IA sem os médicos poderá ser eficaz,mas incompleta e,os médicos sem a IA,completos,porém ineficazes.
A única forma de oferecer o melhor cuidado e o progresso da saúde é com a simbiose entre ambos!
Estamos prestes a ter mais tempo para nossos pacientes,recuperando aquela relação comprometida nos últimos anos. Médico é médico e IA é IA! Juntos seremos imbatíveis na melhoria do acesso,custo,eficiência e cuidado em saúde!
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