"É como se anulassem o nosso direito à greve para o arquipélago da Madeira,uma vez que quase todas as ligações para lá estão a ser asseguradas pelos serviços mínimos e não conseguimos compreender assim tão bem,dada toda a oferta disponibilizada por outras companhias também para o arquipélago da Madeira",disse à Lusa Ana Dias,do SNPVAC.
O Governo decretou serviços mínimos para a greve de três dias de tripulantes de cabine da easyJet,entre quinta-feira e sábado,que asseguram ligações à Madeira,Genebra,Luxemburgo e Londres,a partir de Lisboa,Porto e Faro,após falta de acordo entre empresa e sindicato.
O SNPVAC sinalizou também a "novidade" dos serviços mínimos a partir de Faro,algo que não tinha acontecido nas últimas três greves na easyJet.
"Por exemplo,para Londres [partida de Faro] havia alternativas,só no primeiro dia de greve,havia 19 ligações de outras companhias,e para o arquipélago da Madeira também havia outras alternativas,obviamente que as taxas de ocupação já não são as melhores,neste momento,mas ainda havia muitas alternativas",realçou a sindicalista.
Ainda assim,à exceção destas duas questões,o sindicato considerou que os restantes serviços mínimos são "razoáveis",tendo em conta a proposta que a easyJet tinha feito,que considerou "completamente desproporcional".
Segundo o SNPVAC,a companhia aérea tinha pedido que os serviços mínimos assegurassem 124 voos,dos 144 que ainda não tinham sido cancelados.
"[A companhia aérea] estava a pedir 86% daqueles voos; tendo em conta esses números,achamos que houve aqui alguma razoabilidade,porque nem um terço dos voos foram dados como serviços mínimos",apontou Ana Dias.
O sindicato entendia que não deviam ser decretados serviços mínimos,alegando que o único caso em que é colocada em causa a coesão territorial é na ligação à ilha da Madeira,que é assegurada por outras companhias aéreas.
O sindicato disse ainda que a easyJet cancelou mais voos nas últimas horas,além dos 164 cancelamentos feitos após a entrega do pré-aviso de greve,num total de 308 voos que estavam marcados para os dias da greve,que o SNPVAC já tinha comunicado.
"Aqueles voos que não foram considerados serviços mínimos,para dar um exemplo,no Porto,já não existem,no primeiro dia de greve já só existem serviços mínimos",apontou a responsável sindical,considerando que esta posição da empresa demonstra que sabia que vai haver "uma adesão massiva" à paralisação e prefere cancelar os voos para não causar mais transtorno aos passageiros no próprio dia.
Segundo o pré-aviso de greve enviado pelo sindicato ao Ministério do Trabalho e à companhia aérea,a que a Lusa teve acesso,a paralisação tem início às 00:01 do dia 15 de agosto e fim às 24:00 de dia 17,para "todos os voos realizados pela easyJet,bem como para os demais serviços a que os tripulantes de cabine estão adstritos",em território nacional.
O sindicato diz que os trabalhadores estão insatisfeitos com o "contínuo e cada vez mais acentuado desrespeito pela sua dignidade profissional",com os problemas de falta de estabilidade de escalas,com o tratamento discriminatório relativamente aos pilotos nas compensações dadas no âmbito da disrupção de verão,com a insuficiência de pessoal em todos os departamentos relevantes,ou com a pressão para fazer horas extraordinárias.
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