Tela 'Paisagem,1925',atribuída a Tarsila do Amaral — Foto: Filipe Berndt/Divulgação
GERADO EM: 23/08/2024 - 03:31
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A polêmica em torno da tela “Paisagem,1925”,atribuída a Tarsila do Amaral (1886-1973),cuja existência veio a público na 20ª edição da SP-Arte,em abril,expôs uma cisão na família da modernista,que se transformou em uma disputa judicial. O mais novo elemento no racha entre os herdeiros foi o processo de certificação de autenticidade da tela “Paisagem,cuja existência veio a público em abril,na 20ª edição da SP-Arte.
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Após ser contestada por agentes do mercado de arte,na última segunda-feira (19) a Tarsila S.A.,empresa responsável pela gestão do espólio da modernista,e a OMA Galeria,responsável pela sua negociação,divulgaram que a autenticidade da tela havia sido verificada por Douglas Quintale,perito no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e dono da Quintale Art Law,especializada em certificação de obras de arte. Em abril a obra surgiu avaliada em R$ 16 milhões,e agora,segundo a OMA,seu preço teria subido para R$ 60 milhões.
O debate em torno da autenticidade colocou os herdeiros em lados opostos. Nesta quarta-feira (21),um grupo de 25 herdeiros da modernista publicou uma carta aberta afirmando que não reconhece a legitimidade da obra. Nesta quinta-feira (22),a Tarsila S.A. divulgou nota contestando as alegações,alegando que a empresa "tem justo direito de certificar a autenticidade das obras da pintora Tarsila do Amaral; assim como promover uma nova catalogação de suas obras".
O embate teve seu auge no ano passado,quando,em meio a uma disputa judicial,Tarsilinha do Amaral (sobrinha neta da pintora) foi substituída na gestão do espólio por Paola Montenegro,sua sobrinha bisneta. A troca também gerou uma mudança no Comitê de Autenticação,agora presidido por Quintale,com uma alteração da metodologia para a certificação de obras de Tarsila. Antes,este processo era conduzida por Aracy Amaral,considerada a maior expert na obra da pintora no Brasil e que estava à frente da equipe que conduziu os trabalhos de elaboração do catálogo raisonné,publicado em 2008.
Na carta aberta divulgada por Tarsilinha e outros herdeiros,os sucessores manifestaram "seu completo e total repúdio às afirmações lançadas por pessoas que não estão autorizadas pela maioria da família para alterar e certificar a autenticidade de obras da renomada artista plástica". O texto ainda afirma que "os herdeiros mais próximos de Tarsila do Amaral nunca ouviram falar dessa obra,sendo inverossímil que ela tenha permanecido oculta por tanto tempo".
Rebatendo o texto dos herdeiros (que Paola afirma ser subscrita por um terço dos sucessores,e não metade,como o grupo de Tarsilinha sugeria na nota),a Tarsila S.A. alega que "a certificação de autenticidade da obra 'Paisagem 1925' em nenhum momento comprometeu o legado da artista. Pelo contrário,ampliou e enriqueceu sua coleção com a inclusão de mais um quadro,com reflexos importantes para o patrimônio cultural brasileiro,definidor das características da artista".
Tarsila do Amaral em registro de 1926 — Foto: Reprodução
Uma das consequências na troca da gestão do espólio foi a mudança no Comitê de Autenticação,publicado em 2008. Agora,o Comitê é presidido por Douglas Quintale,especializada em certificação de obras de arte. Quintale foi o responsável pelo processo de quatro meses de certificação da obra. Sobre a metodologia contestada por parte dos herdeiros,a nova nota destaca que "o processo é técnico-científico e contou com apoio de equipamentos de última geração da Universidade de São Paulo,do Laboratório Móvel de Análise de Obras de Arte do Instituto Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Federal Fluminense".
Não foram apenas os herdeiros fiéis a Tarsilinha que questionaram a certificação da obra. Na terça-feira (20) a Agab (Associação de Galerias de Arte do Brasil) soltou nota afirmando que não reconheceria o laudo de autenticidade elaborado por Quintale "assim como outros eventuais laudos de obras atualmente desconhecidas que venham a surgir no futuro”,caso não contem com a participação de Tarsilinha,Aracy Amaral,Vera d’Horta,Regina Teixeira de Barros,e Maria Izabel Branco Ribeiro,responsáveis pela catalogação das obras da artista em seu raisonné.
A tela “Paisagem,1925",estava à venda por R$ 16 milhões,mas agora sua avaliação teria saltado para R$ 60 milhões,segundo a OMA Galeria,que negocia a obra. Na nota publicada pela OMA Galeria,Moisés Mikhael Abou Jnaid afirma que a obra foi um presente de seu pai,Mikael Mehlem Abouij Naid,para sua mãe,Beatriz Maluf,pelo seu matrimônio,realizado em novembro de 1960,em Pirajú (SP). A obra teria sido levada para Zahle,no Líbano,após a morte da matriarca,e teria retornado ano passado após a eclosão da guerra entre Israel e Hammas. Segundo o proprietário," a tela tem um valor simbólico e emocional" e que,até então,a família não tinha "ciência do valor estimado desta obra".
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