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Mpox: qual a real letalidade da nova cepa? Entenda por que é difícil avaliar o perigo da doença

2024-08-23 HaiPress

Profissionais de saúde em uma enfermaria para mulheres infectadas com mpox em Burundi. — Foto: Tchandrou NITANGA / AFP

RESUMO

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GERADO EM: 23/08/2024 - 00:01

Variações de Letalidade da Nova Cepa de Mpox

A letalidade da nova cepa de mpox é complexa de avaliar devido a diferenças nos sistemas de saúde e populações afetadas. A mortalidade varia de acordo com o contexto,com taxas mais baixas em países ocidentais e mais altas na República Democrática do Congo. O vírus se manifesta de formas distintas em diferentes clados,complicando comparações e a compreensão de sua periculosidade. Pesquisadores alertam para a necessidade de cautela ao interpretar a severidade da nova sublinhagem 1b,que se espalhou para fora da África.

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O quão perigosa de fato é a mpox? Enquanto a preocupação mundial com a disseminação da doença,as respostas são menos claras do que alguns números podem sugerir.

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A mpox,classificada novamente como uma emergência internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS),apareceu entre humanos por volta de 1970 na República Democrática do Congo (RDC).

Durante décadas,a doença permaneceu limitada a cerca de uma dezena de países africanos e tinha uma mortalidade muito incerta,estimada entre 1% e 10%,a depender da cepa (também chamada de clado).

Essa incerteza se acentuou em 2022,quando a doença se espalhou para o resto do mundo pela primeira vez. Nos novos países,especialmente nos ocidentais,a mortalidade mostrou-se muito baixa: cerca de 0,2%.

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Essas flutuações têm várias explicações.

Primeiro,o contexto de saúde é diferente nos países africanos,onde a doença esteve presente por muito tempo,em comparação aos países ocidentais,onde surgiu recentemente.

— A periculosidade para os seres humanos depende muito da qualidade dos cuidados (de saúde) na região onde vivem — destaca o virologista Antoine Gessain,especialista na doença.

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Ou seja,um paciente terá muito mais chances de receber um tratamento rápido e adequado na Europa ou nos Estados Unidos do que na maioria dos países da África,o que interfere na taxa de letalidade em cada lugar.

Portanto,é muito provável que a mortalidade alta de 3,6% atualmente observada na RDC,epicentro da epidemia em curso,fosse muito mais baixa se o vírus tivesse começado a circular ativamente em países ocidentais.

Crianças desnutridas

O contexto da epidemia também influencia a disseminação: alguns pacientes são muito mais vulneráveis do que outros.

Ass mortes registradas na RDC – mais de 500 entre cerca de 15 mil casos – são,em sua maioria,de crianças,em um país onde a desnutrição é significativa.

Em contraste,as mortes na epidemia de mpox de 2022-2023 pelo mundo – cerca de 200 de aproximadamente 100 mil casos – ocorreram entre adultos com sistema imunológico comprometido pelo HIV.

Esses perfis diferentes se explicam não apenas pela geografia,mas também pelos modos de transmissão,que variam de acordo com as epidemias. A de 2022-2023 se propagou principalmente através de relações sexuais entre homens homossexuais ou bissexuais.

Outro fator que adiciona uma camada de complexidade é que a mpox é causada por diferentes variantes do vírus,chamadas de clados,e é difícil determinar suas diferenças intrínsecas em termos de periculosidade e transmissão.

Comparações complicadas

A epidemia de 2022-2023 foi causada por uma versão do Clado 2,ativo principalmente na África Ocidental,mas também no Sul desse continente. Atualmente,o surto mortal na RDC é provocado pelo Clado 1,que se concentra na África Central.

Mas isso não é tudo. Há dois surtos em andamento na RDC,um pelo Clado 1 original,chamado de 1a,afetando principalmente crianças,e outro,que afeta principalmente adultos,causado por uma nova versão chamada de Clado 1b.

— Vemos declarações bastante categóricas sobre a gravidade ou severidade da nova sublinhagem 1b,quando não há muito que a respalde agora — diz a virologista holandesa Marion Koopmans em entrevista publicada no site britânico Science Media Centre.

— O que sabemos é apenas que o Clado 1 é normalmente associado a doenças mais graves do que o Clado 2 — complementa.

De fato,as epidemias do Clado 1 estão historicamente associadas a uma mortalidade mais alta do que as vinculadas ao Clado 2. Mas,mesmo nesse aspecto,alguns pesquisadores pedem cautela.

A questão é crucial,já que o Clado 1b foi detectado pela primeira vez fora da África,na Suécia e na Tailândia.

Mas,entre os diferentes clados,"a comparação é muito complicada,já que o contexto e o tipo de população em risco são importantes: como comparar crianças desnutridas com adultos com HIV?",insiste Gessain.

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