O delegado da Polícia Cvil Maurício Demétrio é preso,após uma investigação do Ministério Público concluir que ele chefiava uma quadrilha de extorsão a autoridades e comerciantes — Foto: Reprodução
GERADO EM: 03/09/2024 - 04:31
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O governador Cláudio Castro anunciou na tarde desta segunda-feira (02/09) a exoneração de dois nomes do primeiro escalão do estado,mas foi a saída do secretário de Polícia Civil,o delegado Marcus Amim que mais chamou a atenção. Nos bastidores,a informação,segundo fontes,é de que a retirada de Amim da pasta teria dois motivos: o processo administrativo (PAD) para a demissão do delegado Mauricio Demetrio,preso por corrupção,associação criminosa,obstrução à Justiça e lavagem de dinheiro ou ocultação de bens,estar em fase final e um depoimento de Amim à Polícia Federal sobre o caso Marielle.
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As mudanças foram consideradas decisões de caráter pessoal tomadas por Castro. O governador estaria incomodado com a ausência de Amim nas reuniões que ocorrem às segundas-feiras,com a presença do núcleo de segurança do governo,a começar pelos secretários. Para o lugar de Amim,vai o delegado Felipe Curi,que ocupava o posto de diretor do Departamento Geral de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DGHPP).
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Nos bastidores,uma das razões é que o estado teria atendido a um pedido do ex-secretário de Polícia Civil Allan Turnowski para não demitir Demetrio,cujo processo se arrasta há três anos,desde que ele foi preso. Amim estava prestes a assinar a demissão de Demetrio,cuja instrução do PAD já está encerrada,ou seja,em fase final. O próprio Turnowski também teria sugerido o nome de Felipe Curi,escolhido para ocupar a pasta.
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O jornalista Lauro Jardim já havia revelado em 2022,em sua coluna no GLOBO,mensagens trocadas entre Demetrio e Turnowski — que chegou a ser preso naquele ano,por suspeita de envolvimento com o jogo do bicho. Em 6 de setembro de 2020,os dois avaliaram a possibilidade de Curi assumir a Polícia Civil. Seu nome foi considerado “ótima alternativa” por Demetrio,enquanto Turnowski respondeu: “Não sei. Acho muito imaturo. Mas é nosso”.
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Castro também teria ficado insatisfeito com o depoimento de Amim à PF. O delegado contou que avisou ao delegado Giniton Lages,da Delegacia de Homicídios,abril de 2018,sobre a possibilidade de Ronnie Lessa ser a pessoa que atirou na vereadora Marielle Franco (PSOL),mas a informação não foi levada em consideração. Giniton era o encarregado do inquérito do homicídio da parlamentar e de seu motorista Anderson Gomes,executados há seis anos.
Marcus Amim,atual secretário da Polícia Civil durante coletiva de Imprensa na Cidade da Polícia em abril de 2023,quando era titular da DRE — Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo
Amim,que assumiu em outubro de 2023,foi o quarto secretário de Polícia Civil nomeado por Castro: sucedeu Turnowski,Fernando Albuquerque e José Renato Torres. Seu caminho até o comando da pasta teria contado com a indicação do presidente da Assembleia Legislativa,Rodrigo Bacellar (PL),influenciado pelo deputado Márcio Canella (União),que tem simpatia pelo delegado.
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Mudança até na lei
Sua nomeação,inclusive,só ocorreu depois que a Alerj aprovou um projeto de lei complementar do governador que mudava a lei orgânica da corporação: a regra anterior só permitia que o cargo fosse ocupado por quem tivesse exercido a função de delegado por 15 anos — Amim está na Polícia Civil desde 2002,mas só havia atuado como delegado por dez anos. Já Curi assume o novo cargo em meio a uma onda de confrontos na cidade e operações de enfrentamento à criminalidade.
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Sobre os bastidores de sua indicação,Curi disse: “Sou ligado somente a Deus,e o único grupo do qual faço parte é o da Polícia Civil”. Ele também afirmou que a “corregedoria é independente e que nada muda em relação a qualquer procedimento".
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Já Turnowski negou que tenha pedido mudanças na cúpula: “Eu estou afastado das funções e,por essa razão,sequer tenho mantido contato com quaisquer das pessoas citadas”. E prossegue: " Essas ilações não possuem qualquer fundamento e são absolutamente inverídicas".
Felipe Curi (à esquerfda),governador Cláudio Castro e Tarciso Antônio de Salles Junior — Foto: Reprodução
Procurado,o governo estadual ainda não se manifestou sobre os bastidores das exonerações. A dupla missão,de comandar a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros,saiu das mãos do coronel Leandro Monteiro e foi para as do coronel Tarciso Antônio de Salles Junior,atual corregedor-geral da Secretaria de Saúde.
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