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Como entender o apoio a Trump

2024-09-12 HaiPress

Donald Trump durante debate presidencial: republicano teve desempenho considerado abaixo do esperado — Foto: Saul Loeb/AFP

RESUMO

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GERADO EM: 12/09/2024 - 04:30

"Kamala se destaca,mas Trump mantém base fiel"

Kamala venceu debate,mas Trump mantém base sólida. Apesar do desempenho inferior,Trump segue competitivo graças a posições fortes em economia e imigração. Questões externas como Ucrânia e Oriente Médio são pontos fortes,apesar de críticas. Eleitores relevam comportamento antidemocrático em troca de políticas consideradas positivas.

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O consenso é que Kamala Harris venceu o debate presidencial. Concordo e avalio que o desempenho dela,embora não excepcional,foi superior ao de Donald Trump. Conseguiu se posicionar como uma líder forte para conduzir o país,respondendo de maneira assertiva a perguntas de todos os temas,sem derrapar. Ainda assim,não foi um nocaute. O republicano não teve comportamento diferente do costumeiro ao longo da última década e agiu de forma parecida com as de debates em outras eleições.

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O Trump do debate em Filadélfia foi mesmo Trump dos debates em 2016,quando derrotou Hillary Clinton,ou em 2020,quando perdeu por uma margem pequena no Colégio Eleitoral para Joe Biden. Verdade,em ambos os casos ficou atrás no voto popular,mas nada gigantesco. Até julho,mesmo com todo o seu histórico antidemocrático e mitômano,o republicano liderava contra Biden,então candidato,em quase todas as pesquisas. Antes do debate,o ex-presidente estava tecnicamente empatado com Kamala na média dos levantamentos,compilada pelo site RealClearPolitics.

Talvez o debate de terça-feira tenha algum efeito nas pesquisas,mas tudo indica que Trump manterá sua base intacta. A explicação para Trump seguir competitivo e com chances no mínimo equivalentes às de Kamala se deve a uma boa avaliação que o candidato tem em alguns temas importantes como economia e imigração. No debate,o republicano não se saiu mal nestes temas. Kamala tentou atacá-lo ao argumentar que os números herdados pela atual administração ao assumir em janeiro de 2021 eram péssimos,mas a maior parte da população sabe que isso foi impacto da pandemia e,antes da Covid-19,a economia estava bem.

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Em política externa,embora tenha feito afirmações patéticas na questão de Gaza ao insistir falsamente que Kamala odeia Israel (ela tem apoio da imensa dos eleitores judeus e suas posições são muitas vezes vistas como pró-Israel),o republicano pode ter acertado na questão ucraniana. Sim,evitou responder se a vitória da Ucrânia é do interesse dos EUA. Mas apresentou uma visão em sintonia com alguns teóricos realistas das relações internacionais,como Stephen Walt,professor de Ciência Política de Harvard. Insistiu que negociará o fim da guerra e lembrou dos exorbitantes gastos americanos com o conflito,que já chegam às centenas de bilhões de dólares.

Por mais que se critique Trump,sua narrativa em política externa é forte. Por exemplo,diz que a Rússia invadiu a Geórgia no governo de Bush,anexou a Crimeia e invadiu o leste ucraniano no de Obama,e iniciou a guerra no de Biden. Mas Vladimir Putin não fez nada no dele,seja por terem boas relações,seja por temer a sua aleatoriedade.

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No Oriente Médio,conseguiu levar adiante os Acordos de Abraão,e o Estado Islâmico foi derrotado. Pode ter negociado com o Talibã a retirada do Afeganistão,mas isso era o que a maioria da população americana queria,e o problema teria sido o processo de retirada e não a decisão de sair.

Sei que há uma série de nuances e críticas à política externa dele. Mas é importante enxergar que muitos americanos relevam o comportamento antidemocrático e mentiroso de Trump porque avaliam que seu governo foi bom e estão cansados do establishment bélico e financeiro de Washington e Wall Street — e não ajuda nada Kamala celebrar apoio da Goldman Sachs e do criminoso de guerra Dick Cheney.

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