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Análise: Ataques a pagers e walkie-talkies do Hezbollah expõem tensão entre o poder técnico de Israel e névoa estratégica

2024-09-20 HaiPress

Homem segura walkie-talkie com a bateria removida durante o funeral de pessoas mortas na explosão de pagers,na terça-feira,no Líbano — Foto: ANWAR AMRO / AFP

RESUMO

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GERADO EM: 20/09/2024 - 04:30

Espionagem e sabotagem de Israel no Hezbollah: desafios diplomáticos e políticos.

As ações de espionagem e sabotagem de Israel contra o Hezbollah revelam a dificuldade do país em traduzir seu poder técnico em estratégias diplomáticas eficazes. Lutas internas e pressões políticas limitam a eficácia das operações,levantando dúvidas sobre a direção futura de Israel no conflito. Netanyahu é criticado por priorizar interesses políticos em detrimento de uma estratégia nacional coesa. O impasse persiste,com a incerteza sobre o desfecho do conflito entre as partes envolvidas.

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O contraste entre a destreza dos mais recentes ataques de Israel contra o Hezbollah e a incerteza sobre sua estratégia de longo prazo no Líbano é o exemplo mais recente de uma fragilidade no coração da diplomacia israelense,segundo figuras públicas e analistas israelenses. Para amigos e inimigos,Israel parece tecnologicamente forte,mas estrategicamente perdido. É capaz de realizar atos extraordinários de espionagem,assim como demonstrações poderosas de força militar,mas está lutando para vincular esses esforços a objetivos diplomáticos e geopolíticos de longo prazo.

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— Você vê a sofisticação das mentes tecnológicas de Israel e o total fracasso da liderança política em realizar qualquer movimento de consequência — disse Ehud Olmert,ex-primeiro-ministro israelense. — Eles estão muito ocupados e obcecados por seus medos para fazer qualquer coisa em uma base estratégica mais ampla.

Os serviços de segurança de Israel se infiltraram e sabotaram as redes de comunicação do Hezbollah,explodindo pagers e outros dispositivos sem fio esta semana,mas a liderança de Israel parece incerta sobre como conter o grupo a longo prazo.

Israel realizou várias missões clandestinas e assassinatos dentro do Irã,o mais recente do líder do Hamas,Ismail Haniyeh. Ao mesmo tempo,não conseguiu fazer as concessões políticas necessárias para formar alianças formais com a maioria dos opositores do Irã na região.

E enquanto a Força Aérea de Israel,líder mundial,bombardeou a Faixa de Gaza,destruindo grande parte da infraestrutura urbana do território,o governo israelense não apresentou um plano detalhado e viável para o futuro do enclave após a guerra.

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As campanhas de Israel tiveram um custo considerável. Ao matar dezenas de milhares de civis em Gaza,bem como centenas de libaneses em seus ataques a combatentes inimigos,Israel provocou um clamor internacional,enfrentou acusações de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça e manchou sua reputação global sem destruir de forma conclusiva o Hamas,muito menos o Hezbollah.

Para alguns,o pensamento confuso deriva em parte do choque com o ataque do Hamas em 7 de outubro contra Israel. O ataque foi o dia mais sangrento da História de Israel e pode ter deixado seus líderes buscando vitórias de curto prazo para compensar suas falhas naquele dia,à custa de um planejamento de longo prazo para o futuro de Israel. Com muitos israelenses traumatizados pelo ataque,seus líderes correm o risco de perder popularidade e manchar ainda mais seu legado ao promover compromissos controversos para encerrar as várias guerras de Israel.

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— Sucessos táticos podem ser obtidos por profissionais,mas conquistas em grande escala têm que ser alcançadas por líderes — disse Itamar Rabinovich,ex-embaixador israelense em Washington. — Eles devem ser capazes de morder a língua,ir contra a corrente,tomar decisões impopulares e correr riscos políticos.

Para seus críticos,é Benjamin Netanyahu,o primeiro-ministro israelense,o principal culpado por não conseguir transformar as operações de Israel contra o Hamas,Hezbollah e Irã em uma estratégia nacional coerente. Segundo seus opositores,Netanyahu permitiu que considerações políticas — principalmente,sua necessidade de evitar o colapso de seu frágil governo de coalizão — se sobrepusessem às decisões estratégicas,que são contrárias aos seus aliados de coalizão.

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O controle de Netanyahu sobre o poder depende de um grupo de legisladores de extrema direita que se opõem aos tipos de compromissos necessários para chegar a um desfecho em Gaza e no Líbano.

Esses legisladores ameaçaram derrubar a coalizão de Netanyahu se ele concordar com uma trégua em Gaza que mantenha o Hamas no poder. Eles também se opõem a planos para transferir o poder ao principal rival palestino do Hamas,o Fatah. O resultado é uma campanha militar lenta e repetitiva em Gaza,na qual soldados israelenses capturam e depois se retiram repetidamente dos mesmos bolsões de terra,sem mandato para manter o território ou iniciar uma transferência de poder para outra liderança palestina.

Por sua vez,essa dinâmica levou à extensão da guerra ao longo da fronteira entre Israel e o Líbano,onde o Hezbollah afirma que continuará lutando até que uma trégua seja alcançada em Gaza.

Os aliados de Netanyahu dizem que os ataques desta semana no Líbano,juntamente com o envio de mais tropas para a fronteira com o Líbano,mostram um esforço estratégico claro para usar o aumento da ação militar para forçar o Hezbollah a ceder.

— Embora esses sejam movimentos táticos,fazem parte de um plano maior — disse Nadav Shtrauchler,estrategista político e ex-assessor de Netanyahu.

Após meses de conflito contido ao longo da fronteira Israel-Líbano,Shtrauchler afirmou:

— Vamos atacar o Hezbollah com força.

Para outros,os movimentos ainda parecem hesitantes,sem chegar a um fim decisivo do impasse,seja pela força ou pela diplomacia. Por um lado,Netanyahu evitou ordenar uma invasão terrestre no Líbano. Por outro,ele rejeitou uma trégua em Gaza que poderia encerrar a guerra no Líbano por meio de mediação.

— Para onde ele está indo? Como ele vai terminar a guerra? — perguntou Rabinovich,o ex-embaixador. — Todas essas questões fundamentais não foram respondidas e,em alguns casos,nem sequer foram feitas no discurso público.

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