Presidente da Rússia,Vladimir Putin,assiste ao discurso do presidente Lula durante cúpula do Brics — Foto: Reprodução/Transmissão Oficial/ Brics
As eleições municipais chegam ao fim hoje marcando uma mudança importante na política partidária brasileira,colocando a centro-direita no topo da preferência dos eleitores,e reduzindo a importância da esquerda,que está no governo central,mas já não tem o controle da situação como em outras épocas.
O presidente Lula evitou envolver-se nas disputas regionais por ter uma ampla base de apoio no Congresso que é dominada pela centro-direita,embora essa tendência não seja respeitada na formação ministerial,nem na tomada de decisões. O terceiro mandato de Lula vem sendo marcado por essa contradição,não é nem de esquerda,nem de centro,muito menos de direita. Mas vagueia entre tendências,sem ter condições políticas de ditar o rumo.
Somente na política externa a direção é ditada pela esquerda tradicional,provocando muitas críticas,sem conseguir demonstrar que defende os interesses nacionais quando adere ao BRICS ampliado,que dilui a importância do Brasil e o leva a ser minoritário entre tradicionais ditaduras e governos esquerdistas que querem transformar o grupo em uma instituição antiocidental sem futuro prático,mas com presença política relevante para os interesses da China e da Rússia.
Mesmo nesse aspecto o governo Lula se afasta da maioria do eleitorado,que desaprova nossa união com essa aliança do sul global que se afasta das grandes potências europeias e dos Estados Unidos. O chanceler brasileiro,Mauro Vieira,mostrou-se surpreso com as críticas,alegando que “pelo que me consta,o Brasil faz parte do Ocidente”. Tem toda razão,e por isso mesmo é estranhável que faça parte de uma associação internacional que só reúne países que se colocam em confronto com os valores ocidentais. A democracia já não é uma condição sine qua non para se fazer parte dos BRICS,o que define de pronto a tendência do grupo.
Esse aspecto do governo não faz parte da temática das eleições municipais,e nem mesmo nas campanhas nacionais nossa política externa ganha relevância,a não ser para que Lula seja criticado por imprimir uma direção esquerdista a nossas posições nos fóruns internacionais. Recentemente,as posições brasileiras em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra de Israel contra os grupos terroristas Hezbolah e Hamas têm sido aproveitadas pela direita nacional como instrumento de combate político,o que fragiliza ainda mais o governo.
Assim como o presidente do PL,Waldemar Costa Neto brada aos quatro cantos que a direita não tem condições de derrotar Lula em 2026 se não se juntar ao centro,também a esquerda não tem condições de ganhar a eleição sem se aproximar do centro. As eleições municipais estão mostrando a força eleitoral do Centrão,o verdadeiro vencedor na política nacional. Diz-se que as eleições municipais não têm a ver com as nacionais,mas essa generalização também está errada. Prefeitos e vereadores têm influência na formação do futuro Congresso,e o que se avalia que venha a ser um Congresso mais à direita do que o atual,reforça-se com os resultados de hoje.
Tudo indica que,mesmo sem a presença de Bolsonaro na disputa,o centro-direita tem condições de vencer se não se dividir. Caso Lula também não possa concorrer,seja por que razão for,a projeção é de que teremos uma eleição tão diversificada quanto a de 1989,quando nada menos que 22 candidatos concorreram à primeira eleição direta depois da ditadura.
Pode vir a ser um marco do reinício da disputa partidária no país,como foi a de 1989. O resultado daquela não foi,no entanto,dos mais felizes. Collor foi eleito e acabou impedido pelo Congresso de continuar no governo dois anos depois. Lula,que disputou com ele,admitiu anos depois que não estava preparado para o cargo naquele momento.
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