Casa Revista de moda Obra de arte círculo social Equipamentos de saúde Notícias atuais MAIS

País vai terminar o ano com juros de dois dígitos em alta: o que isso diz sobre a economia em 2025?

2024-12-12 HaiPress

Sede do Banco Central do Brasil,em Brasília — Foto: Andressa Anholete / Bloomberg

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 12/12/2024 - 00:00

"Selic sobe para 12,25% em 2025: BC busca conter inflação"

O Banco Central elevou a Selic para 12,25% ao ano,com promessa de mais aumentos. A decisão reflete a preocupação com inflação e dólar,indicando desaceleração econômica em 2025. O BC busca controlar a inflação e evitar a dominância fiscal. A alta de juros é considerada necessária e surpreendente,com projeções de chegar a 14,75%. A economia enfrenta desafios inflacionários e cambiais,com impacto do cenário político e externo.

O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.

CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) fez ontem a sua última reunião do ano,também a última com o presidente Roberto Campos Neto à frente do colegiado. Os diretores do BC que integram o Copom entregaram o “choque de juros” esperado pelo mercado financeiro em meio à disparada do dólar e das expectativas de inflação.

A taxa básica de juros,a Selic,subiu 1 ponto percentual,de 11,25% para 12,num movimento pouco usual para a autoridade monetária brasileira. E tem mais: prometeu um aumento da mesma magnitude nas próximas duas reuniões. A decisão foi unânime e aponta algumas condições do cenário econômico do país em 2025.

Arminio Fraga: 'As expectativas de inflação estão elevadas a perder de vista'Pacote: Líder do União Brasil diz ser 'difícil' votação completa do propostas de corte de gastos ainda em 2024

Os juros terminam no ano no Brasil ainda em dois dígitos e em um patamar bem mais alto que o cogitado pelos principais analistas de mercado no início de 2024,quando houve quem projetasse Selic em um dígito neste dezembro. Isso significa que o forte crescimento da economia neste ano terá mais chance de desacelerar no ano que vem com juros em patamar mais alto a desestimular investimentos produtivos e consumo. A preocupação do BC também indica que a inflação está em um viés de alta.

Se o BC cumprir a promessa do Copom,Gabriel Galípolo vai assumir a presidência do Banco Central com a missão de elevar a Selic para 14,25% em março,alcançando o mesmo patamar do pico dos juros no governo de Dilma Rousseff. E pode até ir além,dizem os analistas ao avaliar o que essa alta dos juros diz sobre a economia do Brasil em 2025.

O presidente do Banco Central,Roberto Campos Neto,e o diretor de Política Monetária,Gabriel Galípolo,que vai suceder o primeiro — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

A avaliação é de que o BC quis sinalizar compromisso com a redução da inflação e que quer ajudar a deter a desvalorização do real frente ao dólar e reduzir a inclinação da curva de juros acalmando o mercado financeiro.

O BC afirmou que,com o cenário mais adverso para a convergência da inflação,espera ajustes de ritmo idêntico para duas reuniões à frente. A magnitude total do ciclo de aperto será ditada pelo “firme compromisso de convergência da inflação” e que o cenário exige uma política monetária “ainda mais” contracionista,disse o Copom.

BPC: Secretário de Haddad admite rever mudanças no benefício após resistências da bancada do PT

— É um guidance (previsão de próximos passos) bastante firme — afirmou Fernando Gonçalves,superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco. — O mercado tende a ver um alívio de câmbio e possivelmente da parte longa da curva (de juros). Deve haver uma melhora de prêmio de risco generalizada.

O patamar atual da Selic é o maior em um ano,mas na passagem de 2023 para 2024 a taxa básica de juros estava em trajetória de queda,passando de 12,25% para 11,75%. Agora,a nova virada se dará aos12,25% ao ano.

Em relatório,o diretor do Goldman Sachs para a América Latina,Alberto Ramos,classificou a decisão do BC de “ousada”. “A orientação futura agora é muito explícita e mais agressiva do que as expectativas do mercado”,afirmou.

À agência Bloomberg,ele afirmou que a decisão tem impacto necessário:

— Dada a deterioração aguda da perspectiva para a inflação,uma resposta de política monetária decisiva era necessária,e o Copom a entregou.

IR: Governo vai enviar projeto de isenção para quem recebe até R$ 5 mil ainda neste ano,diz número 2 de Haddad

Olga Yangol,responsável por pesquisa e estratégia de mercados emergentes no Crédit Agricole,vai na mesma linha. Ela diz que a instituição revisou de 14% para 14,25% a sua previsão para a Selic no fim do primeiro trimestre de 2025:

— Isto será bem recebido e espero que o real se recupere e que a curva de juros doméstica se achate. Estamos com overweight no real e na nossa carteira de moedas emergentes.

Victoria Jorge,economista para Brasil do Opportunity,destacou que o comunicado desenhou um cenário mais adverso para a inflação no horizonte relevante para a política monetária,que passou de 3,6% para 4,0%:

— Para os ativos,a decisão deverá beneficiar o real e a curva de juros deverá desinclinar.

BC quer mostrar 'disposição',diz analista

A partir de janeiro,haverá uma mudança significativa no Copom. Galípolo assume a presidência do BC,e o governo Lula terá maioria no colegiado.

Para o economista-chefe do Banco Daycoval,Rafael Cardoso,o BC foi mais duro que o esperado e sinalizou que prefere fazer um ajuste mais rápido na taxa de juros.

Mais Sobre Mercado financeiro

Ação da Eletrobras sobe 4%,com perspectiva de acordo com o governo em processo que questiona privatização

Tribunal dos EUA aprova acordo entre Natura&Co e devedores da Avon

Nas suas contas,porém,para entregar a inflação na meta de 3,0% em 2026,o Copom terá de ir além de 14,25% ao ano e entregar uma alta final de 0,50 ponto em maio,para 14,75%. Neste caso,seria o maior nível dos juros básicos desde agosto de 2006.

— Para alcançar a meta em 2026,o BC precisaria de uma alta residual no segundo trimestre de 2025. Portanto,mais do que contratar 14,25%,a Selic deve se aproximar dos 15%,com mais uma alta de 0,50 pp em maio — diz Cardoso.

Apesar de o BC mostrar "disposição grande" em fazer seu trabalho para controlar a inflação,sua postura mais dura deve ajudar a estancar a deterioração das expectativas de inflação,que estão muito afastadas da meta de 3% até 2027,avalia Cardoso. Porém,ele diz que isso não deve "resolver" o problema (conter a inflação),considerando o risco fiscal.

'Dominância fiscal é um risco'

Helena Veronese,economista-chefe da B.Side Investimentos,também avalia ser difícil o BC encerrar o ciclo de aperto dos juros em um ritmo forte de 1 ponto. Por isso,diz ser provável que a Selic supere 14,25%. Segundo a economista,a sinalização de mais duas altas de 1 ponto confere credibilidade ao BC na busca pela meta de 3,0% e traz um "refresco" para o mercado.

Mais Sobre Gabriel Galípolo

Em despedida de Campos Neto,BC eleva Selic em 1 pp para 12,25% e promete mais duas altas da mesma magnitude

A aposta geral é de um choque de juros,mas um banco desafia o consenso. Saiba qual

Mas o comportamento do dólar e das expectativas de inflação dependem da evolução da discussão fiscal,agora à espera de uma conclusão no Congresso. De qualquer forma,a economista avalia que ao chamar a responsabilidade para si,o BC afasta um cenário de dominância fiscal,quando o aperto dos juros perde efeito para controlar a inflação diante de uma dívida pública muito elevada.

—Tem muita gente discutindo dominância fiscal,não é o cenário base,mas é um risco. Com essa sinalização,o BC chama a responsabilidade para si e afasta esse risco,que significaria a perda de credibilidade do BC.

Alta de 1 pp não é comum

Levantamento do Bradesco mostra que a elevação de 1 ponto é bastante incomum na história do Copom. Nos últimos 20 anos,representaram apenas 7% das decisões de aperto da taxa (ou quatro de 51 reuniões),todas durante a pandemia de Covid-19.

IPCA: Inflação desacelera em novembro,mas preço das carnes salta 8%

Mas,para a maioria dos economistas,não havia como fugir de um aumento de velocidade no aperto dos juros diante da deterioração significativa do cenário inflacionário desde a última reunião do Copom,em novembro.

O ministro da Fazenda,Fernando Haddad,disse que a decisão do BC foi surpresa “por um lado”,mas já havia projeções de mercado que apontavam alta de 1 ponto:

— Foi (surpresa),por um lado. Mas,por outro lado,tinha uma precificação (dos agentes de mercado) nesse sentido. Vou ler com calma,analisar o comunicado,falar com algumas pessoas depois do período de silêncio.

O ministro da Fazenda,Fernando Haddad — Foto: Diogo Zacarias/MF

A decisão do Copom de elevar a taxa Selic surpreendeu não pelo aumento de 1 ponto percentual,já amplamente esperado pelo mercado,mas pela comunicação,considerou Roberto Padovani,economista-chefe do Banco BV,em entrevista ao blog da colunista do GLOBO Míriam Leitão.

O Banco Central sinalizou a possibilidade de mais duas altas de 1 ponto percentual nas próximas reuniões (janeiro e março),refletindo preocupações com a deterioração das expectativas de inflação,a resistência da inflação no setor de serviços e as pressões cambiais.

— É um choque monetário. São 300 pontos-base potenciais,ou 3 pontos,mostrando uma convicção clara do Banco Central em tentar perseguir,se não o centro da meta,pelo menos o teto de 4,5% —avaliou Padovani.

Para ele,o que realmente comandou esta reunião,foi a piora sensível do câmbio,o que projeta uma piora sensível também tanto da inflação corrente quanto das expectativas.

Veja os cinco principais recados do comunicado do Copom

Tudo ou nada

O primeiro recado é direto. Já estão contratados mais 2 pontos percentuais de alta da Selic. Ou seja,a taxa irá pelo menos até 14,25%. Ou mais. Esse é o piso no momento. Desde o início do ciclo de alta,em setembro,o BC mantinha em aberto suas decisões futuras,diante de um cenário de incerteza.

Desta vez,foi enfático: “o cenário se mostra menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior.” E ressaltou o maior risco de uma deterioração adicional do cenário de inflação.

Impacto fiscal

O BC também afirmou que os efeitos do anúncio do pacote fiscal pelo governo federal no câmbio e nas expectativas inflação “contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”. Em novembro,o Copom já havia listado como risco para o aumento da inflação o efeito de “políticas econômicas externa e interna”,por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada,além de alertar sobre a necessidade de apresentar medidas fiscais estruturais.

Nova surpresa

O Copom destacou o crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. Para o comitê,com o resultado,houve abertura adicional do hiato do produto. Ou seja,a atividade está operando em um nível ainda mais alto do que sua estrutura produtiva suporta,o que impacta a inflação.

Disparada da inflação

Assim como as expectativas de inflação,as projeções oficiais do BC para o IPCA saltaram em relação a novembro. Para 2025,a projeção subiu de 3,9% para 4,5%,no limite superior da meta. No horizonte relevante da política monetária,o segundo trimestre de 2026,passou de 3,6% para 4%.

“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação,elevação das projeções de inflação,dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto,o que exige uma política monetária ainda mais contracionista.”

Efeito Trump

No cenário externo,o Copom retirou do comunicado a palavra “incerta” para se referir à conjuntura econômica dos Estados Unidos. Com a vitória de Donald Trump,o BC agora avalia que há “maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração,da desinflação e,consequentemente,sobre a postura do Fed (o banco central americano).”

Webstories

Declaração: Este artigo é reproduzido em outras mídias. O objetivo da reimpressão é transmitir mais informações. Isso não significa que este site concorda com suas opiniões e é responsável por sua autenticidade, e não tem nenhuma responsabilidade legal. Todos os recursos deste site são coletados na Internet. O objetivo do compartilhamento é apenas para o aprendizado e a referência de todos. Se houver violação de direitos autorais ou propriedade intelectual, deixe uma mensagem.

Mais recentes

Filhos de 'inseminação caseira' podem ter nome das duas mães na certidão de nascimento

‘Risco Trump’ complica estratégia de Lula para 2026

Polvo Marisqueria tem 'preços bons, e não há economia nas porções'; leia a crítica

Einstein com Marilyn, Otto e o Cerrado: um programa para cada dia da semana

Solteira aos 82, Susana Vieira se diz animada para levar peça que estreia no Rio a Lisboa: 'por lá, tenho uma pessoa que gostei muito, até dei uma namorada, e vou reencontrá-la'

Onda crua: tartares, crudos e carpaccios são destaque nos cardápios para o calor

© Direito autoral 2009-2020 Capital Diário de Lisboa    Contate-nos  SiteMap