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Retorno do tipo 3 da dengue preocupa Ministério da Saúde, que traça estratégia para evitar explosão de casos

2025-01-11 IDOPRESS

Combate a focos do mosquito transmissor da dengue no Distrito Federal — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

RESUMO

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GERADO EM: 10/01/2025 - 21:48

Ministério da Saúde investe R$1,5 bilhão contra dengue e chikungunya

Ministério da Saúde investe R$1,5 bilhão para evitar explosão de casos de dengue e chikungunya em 2025. Preocupação com retorno do tipo 3 da dengue,aumento de casos de chikungunya e segundas infecções graves. Reforço em ações de prevenção,vacinação e testagem rápida. Enfatiza-se a importância da continuidade das medidas preventivas pelos municípios e instalação de pontos de hidratação para agilizar atendimento.

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Após enfrentar uma crise em 2024 provocada pelo aumento de casos e mortes pela dengue,o Ministério da Saúde tenta evitar que o cenário se repita em 2025. Embora a previsão epidemiológica indique menos infecções,a disseminação do tipo 3 da doença,que não circulava há dez anos,já deixa a pasta em alerta. Isso porque há menos proteção imunológica da população a essa variante.

O elemento surpresa para este ano também colocou especialistas de prontidão. Ao todo,existem quatro tipos de dengue,sendo o 1 o mais comum na população,responsável por 73,4% das infecções. O tipo 3,contudo,pode se espalhar e ter alta concentração dos casos no Sul e Sudeste,principalmente no estado de São Paulo,um dos maiores em densidade demográfica do país.

— Você olha o cenário passado e projeta o futuro. Se nada acontecer diferente,teremos menos casos,a projeção é essa,e eles vão estar mais concentrados nos estados da região Sudeste e Sul — explicou a secretária em vigilância em saúde e ambiente Ethel Leonor,que faz a ressalva — O sorotipo 3 é a variável nova,e está aumentando São Paulo. Isso pode aumentar a projeção.

Associado ao ressurgimento do sorotipo 3,uma segunda preocupação é o alto volume de casos registrados em 2024,já que segundas infecções podem ser mais graves. Diante desse cenário,o Ministério da Saúde reforçou ações de prevenção e vigilância,como a antecipação em cerca de um mês da instalação do Centro de Operações Emergenciais em Dengue,além do reforço na compra de vacinas,testes e inseticidas.

Para 2025,mais de R$ 1,5 bilhão foi investido pela pasta. Claudio Maeirovitch,médico sanitarista Fiocruz de Brasília,explica que o número de casos registrados nos últimos meses de cada ano pode servir como um “trampolim” para o cenário epidemiológico do próximo ano,em especial na “estação” da dengue,concentrada na primavera e no verão. O ano de 2024 registrou números maiores em todos os meses em comparação a 2023. Em agosto,por exemplo,foram mais de 45 mil casos no ano passado,contra cerca de 28 mil de 2023.

— Esse período a gente costumava chegar a quase zero casos,isso não acontece mais. Nos últimos anos estamos mantendo circulação perceptível ao longo do segundo semestre. Há uma forte indicação de que quanto maior o patamar no segundo semestre,maior será a epidemia no ano seguinte — diz o especialista.

O secretário adjunto de vigilância em saúde e ambiente,Rivaldo da Cunha,afirma que o Sorotipo 3 não causa infecções mais graves e que a preocupação se concentra na possibilidade de infecção de um volume maior de pessoas.

— O vírus,quando fica muito tempo sem circular,infecta quem nunca teve contato com ele,e por isso não tem imunidade,não tem anticorpo. A pessoa pode ter tido dengue tipo 1,tipo 2,mas se o tipo 3 chegar nela,ela vai ter de novo,e pode ser mais grave. Vai contaminar um monte de gente. Pode ter região do Brasil que não teve epidemia ano passado e pode ter esse ano.

Uma das principais preocupações do Ministério da Saúde é com a troca das gestões municipais,responsáveis pela execução da maior parte das ações de prevenção e do atendimento à população. Uma das primeiras ações da pasta neste ano foi o envio de uma nota informativa para os municípios no dia 2 de janeiro alertando sobre a possibilidade de aumento no número de casos e reforçando a necessidade da continuidade das ações de prevenção.

Chikungunya

O Ministério da Saúde também registrou um aumento no número de casos de chikungunya nas últimas quatro semanas de 2024,o que pode ser um complicador no combate à dengue. De acordo com os dados da pasta,3.563 casos prováveis foram registrados no período.

A preocupação dos especialistas também é com o tratamento da forma grave das doenças,já que é preciso um cuidado clínico diferenciado,Por isso,profissionais reforçam a necessidade da agilidade na realização de testes para que a doença seja logo diagnosticada. Para 2025,o Ministério da Saúde enviou 6,5 milhões de testes rápidos para os municípios.

A pasta também adquiriu mais de 215 mil quilos de larvicida e ampliou o uso de tecnologia para o controle da doença. Com esse uso,os mosquitos são infectados pela bactéria “Wolbachia”,que impede o vírus das arboviroses. Além disso,mais 9,5 milhões de doses de vacina foram compradas. A pasta,no entanto,destaca que ainda há 3 milhões de doses paradas nos estados e municípios.

— É preciso ter uma ação mais ativa dos municípios para a vacinação. Eles estão com a vacina,tem que fazer ação ativa — destacou a secretária Ethel.

Em 2024,o Brasil registrou 6,4 milhões de casos prováveis de dengue,com 6 mil óbitos,segundo o painel de atualização de arboviroses do Ministério da Saúde. O número ainda pode aumentar. A Ministra da Saúde,Nísia Trindade,afirmou que a prioridade da pasta agora é conseguir reduzir esse patamar.

— Estamos diante de um desafio de grande proporção. Dengue não é novidade no Brasil,mas não é uma sequência no tempo com a mesma características. Hoje,temos (o vírus) em todo mundo. A meta agora é reduzir casos e reduzir óbitos.

Para isso,uma das estratégias recomendadas para a pasta,além da vacinação e testagem rápida,é a instalação de pontos de hidratação pelas prefeituras,principal cuidado em casos de dengue. O recomendado é que uma pessoa infectada consuma de cinco a seis litros de água por dia. Cada município será responsável pelo manejo da estratégia,mas o objetivo é que o local funcione como um ponto de hidratação intravenosa,atendimento e detecção dos casos.

— Houve uma preocupação no ano passado porque as pessoas esperavam três,quatro,cinco,seis horas no atendimento e ela ia piorando nesse tempo,porque desidrata. Ela procura os sistemas de saúde,mas piorava antes de ser atendida. Com essa organização,as coisas podem ser mais rápidas e eficazes — explicou Claudio Maeirovitch.

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