Lucas Pavanato (PL),Zoe Martinez (PL),Sargento Nantes (PP) e Adrilles Jorge (União) estão entre os bolsonaristas novatos na Câmara: eles devem tentar puxar Nunes mais para a direita — Foto: Divulgação
GERADO EM: 13/01/2025 - 22:22
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Depois de um ciclo ainda marcado pelo domínio da centro-direita,com partidos como o PSDB figurando como a maior bancada,a Câmara Municipal de São Paulo deve radicalizar a partir deste ano. O grupo informal que tem como principal expoente o influenciador bolsonarista Lucas Pavanato (PL),candidato mais votado da capital,tende a pressionar o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
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Caminho semelhante tomou a Assembleia Legislativa do Estado (Alesp) quando um grupo de parlamentares bolsonaristas insatisfeitos com Tarcísio de Freitas (Republicanos),liderado pelo deputado Gil Diniz (PL),construiu um bloco informal na Casa e acusou o governador de se distanciar das pautas ideológicas e não fazer acenos à base ainda no seu primeiro ano de mandato.
O governo Nunes não deve ter dificuldades em aprovar projetos de lei ordinários,mas a situação muda de figura quando se exige maioria especial (3/5) ou qualificada (2/3) dos votos. O regimento interno da Câmara Municipal aponta que o plenário deve deliberar dessa forma sobre zoneamento urbano,plano diretor e emendas à Lei Orgânica do município,por exemplo.
— O que muda é que agora temos uma bancada de direita ideologicamente mais coesa. Dessa forma,a gente consegue ter uma maior pressão sobre os políticos de centro,inclusive sobre a prefeitura,para que a agenda da cidade de São Paulo respeite as regras do livre mercado e os valores do paulistano,que são valores conservadores — disse Pavanato.
Além de Pavanato,alguns dos novatos na Câmara com perfil mais radical são Zoe Martínez (PL),Amanda Vettorazzo (União),que integra o MBL,o jornalista Adrilles Jorge (União),a advogada criminalista Janaína Paschoal (PP) e o policial militar Sargento Nantes (PP). Eles se juntam a bolsonaristas que já estavam em exercício,como Sonaira Fernandes (PL) e Rubinho Nunes (União),outro que surgiu no MBL e depois deixou o movimento.
Amanda Vettorazzo ressalta que não existe um bloco formal mais à direita neste momento,mas admite que a tendência é que os vereadores alinhados ideologicamente se juntem na atividade parlamentar. Ela já ensaia cobranças ao prefeito:
— Antes ele pegou uma máquina que já existia e fez ajustes,a meu ver,alguns não tão bons. Agora vai ser uma gestão 100% dele. Então,acho que agora ele deve mostrar a que veio e é competência da Casa cobrar qualquer coisa que estiver errada. Eu espero que ele realmente faça uma gestão melhor em alguns sentidos,como zeladoria e até de transparência.
Nunes era vice de Bruno Covas (PSDB) e assumiu em 2021 com a morte do prefeito,que lutava contra um câncer no sistema digestivo.
De olho na solidez da base na Câmara Municipal,integrantes do governo convidaram os novatos para conversas na sede da prefeitura. Adrilles,por exemplo,se reuniu com o secretário de governo,Edson Aparecido,um dia antes da diplomação. Ao GLOBO,ele disse não se considerar um extremista e que seu nível de confiança no governo do prefeito,de zero a dez,é de “7.3”:
— Acho que o governo do Ricardo Nunes tem um viés um pouco à esquerda,de composição,de ser complacente em relação às pessoas que não pensam em consonância a ele. Agora,quando você é complacente demais,pode perder parte dos seus princípios. É nesse sentido que eu tiro 2.7 da avaliação positiva dele.
O clima bélico da nova legislatura já ficou claro na posse,dia 1º de janeiro. Ao prestar juramento,a vereadora Silvia da Bancada Feminista (PSOL) levou um cartaz pedindo a prisão de golpistas,em referência à investigação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro (PL) e outros auxiliares e militares de alta patente sob suspeita de conspirarem contra a democracia. Momentos depois,Zoe Martínez defender o ex-presidente ao microfone.
Foi o suficiente para dar início a uma gritaria no plenário. De um lado,parlamentares de esquerda puxaram um coro de “sem anistia”,e de outro,a vereadora bolsonarista reagiu aos berros de “Lula ladrão”.
Não ficou apenas nisso. Parlamentares de PL,PP e Podemos votaram contra ou se abstiveram da indicação do vereador Hélio Rodrigues (PT) para a Mesa Diretora,quebrando acordo entre as bancadas que levou à eleição de Ricardo Teixeira (União) como novo presidente da Câmara Municipal de São Paulo e a escolha de outros parlamentares de MDB,PL,Podemos,PSD e PP para os demais cargos,obedecendo a proporcionalidade.
Após a sessão,Teixeira fez um alerta,em entrevista,sobre eventuais quebras de decoro.
— O pessoal mais novo chega aqui com essa vontade e eu falei para eles tomarem cuidado com o decoro,só isso. Tudo é válido dentro dos procedimentos da Casa,e não sou eu que vou dizer até onde cada um vai. Aqui todo mundo é maior de idade,sabe ler o regimento. Já pedi para eles: tomem cuidado com isso,porque o nome de vocês pode ir para a corregedoria e aí atrapalha o mandato deles — afirmou o novo presidente da Casa.
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