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O verdadeiro desafio de Trump

2025-01-15 HaiPress

Donald Trump — Foto: Joe Raedle / Getty Images via AFP

RESUMO

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GERADO EM: 14/01/2025 - 20:50

China se torna potência comercial global enquanto Trump se prepara para assumir a presidência dos EUA novamente

Trump está prestes a assumir a presidência dos EUA novamente,com ameaças teatrais ao redor do mundo. No entanto,o verdadeiro desafio está na China,que encerrou 2024 com um superávit comercial surpreendente. Enquanto os EUA se distanciam da China,esta se torna uma potência comercial,superando até mesmo a produção de países como EUA,Japão e Alemanha. A China investe em infraestrutura globalmente,enquanto Trump se envolve em polêmicas e alianças questionáveis.

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Na segunda-feira Donald Trump assumirá pela segunda vez a Presidência dos Estados Unidos,na crista de uma espetacular vitória eleitoral. Desde novembro,no seu estilo teatral,ameaçou anexar o Canadá,ocupar a Groenlândia e retomar o Canal do Panamá. Tudo fumaça. Trump tem uma queda por fantasias. Ora assusta os americanos dizendo que os imigrantes comerão seus cachorrinhos,ora tenta assustar o mundo,insinuando que usará a força militar para respaldar seus delírios expansionistas.

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Faz tempo,aconselhando Bill Clinton,o marqueteiro James Carville fulminou:

— É a economia,estúpido.

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Trump assumirá uma semana depois de a China ter revelado que fechou 2024 com um superávit comercial de US$ 990 bilhões. Esse resultado surpreendeu o mundo.

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As indústrias chinesas conseguiram uma coisa parecida com o desempenho dos Estados Unidos nos anos seguintes à Segunda Guerra,quando a Europa estava arruinada. Panamá? Groenlândia? Canadá? Imigrantes? Nada disso,é a China,bobão.

O repórter Keith Bradsher,que cobre o comércio do Império do Meio desde 1991,mostrou que,numa ponta,a indústria chinesa responde por um terço da produção mundial. Sozinha,produz mais que os Estados Unidos,Japão,Alemanha e Coreia,somados. Noutra ponta,a China forma mais engenheiros e profissionais correlatos que todos os jovens diplomados em faculdades americanas.

Quando os Estados Unidos se reaproximaram da China,acreditavam que uma abertura econômica estimularia a democratização do país. Supunham também que seus produtos ganhariam aquele imenso mercado. A China não se democratizou,e são os americanos que estão comprando manufaturas chinesas.

Pode-se tomar o Brasil como um exemplo da miopia americana,e de Trump,bem como da astúcia dos governantes chineses. Em nome de um conservadorismo iracundo,o presidente eleito dos Estados Unidos flerta com Jair Bolsonaro. Durante seus quatro anos de governo,o ex-capitão hostilizou a China,sem qualquer vantagem. Pequim continuou sendo o maior parceiro comercial do Brasil. Pior: a fábrica de automóveis chinesa BYD produzirá carros elétricos e híbridos na planta de Camaçari que,outrora,foi da Ford americana.

A China transformou-se numa potência comercial porque apropriou-se da grande lição do presidente americano Calvin Coolidge (1923-1929):

— O principal negócio do povo americano é o negócio.

Para Trump,o negócio dos Estados Unidos parece ser a encrenca.

Elon Musk,seu deslumbrado conselheiro,encarna esse viés. Com o espírito inovador do empresariado americano,ele fabrica os carros elétricos Tesla. No último trimestre de 2024,a BYD chinesa superou-a em vendas. No Brasil,Musk meteu-se numa briga pueril com o Supremo Tribunal.

(Enquanto isso,sem polêmicas,a China arrocha a internet,com a complacência de Musk. Trump ameaça banir a rede social TikTok,e os chineses podem vendê-la. Para quem? Elon Musk. Inimigos,inimigos,negócios à parte.)

Os governantes chineses têm uma agenda de interesses e investem em projetos de infraestrutura pelo mundo afora. Enquanto isso,Trump ameaça governar os Estados Unidos com uma agenda de encrencas,aliando-se com encrenqueiros.

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