Lula e Nikolas Ferreira — Foto: Arte O Globo
GERADO EM: 15/01/2025 - 22:30
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Em meio a troca de comando na comunicação,o governo Lula sofreu uma dura derrota nas redes sociais,justamente a área apontada como gargalo pelo presidente e pelo novo chefe da área,Sidônio Palmeira. A repercussão negativa da norma da Receita Federal que ampliava a fiscalização em transações financeiras como o Pix,que levou a um recuo na quarta-feira do Planalto,foi alavancada nas plataformas digitais com o vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG),que conseguiu atingir perfis de fora do campo da direita. A prevalência da oposição no debate sobre o tema já era uma tendência nas redes sociais nos últimos dias.
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A gravação do parlamentar alcançou mais de 210 milhões de visualizações até quarta-feira no Instagram,número 13 vezes maior que a postagem feita por Lula na mesma rede para desmentir alegações falsas de que haveria taxação do Pix com a medida. No vídeo,Nikolas sugere que a gestão federal possa vir a taxar trabalhadores,que segundo ele seriam os mais prejudicados pela regra da Receita. Dados levantados pela empresa de consultoria Bites mostram que o deputado ganhou cerca de 1 milhão de seguidores no Instagram em dois dias.
Um levantamento feito pelo grupo de pesquisadores Democracia em Xeque aponta que,de forma geral,a direita dominou o debate nas redes. Entre 7 de janeiro e as 12h de terça-feira,311 mil publicações foram identificadas. A amostra,feita antes da viralização do conteúdo de Nikolas Ferreira,apontou que perfis de direita somaram 4,74 milhões de interações em postagens sobre o tema. À esquerda,foram pouco mais de três milhões.
Na avaliação da pesquisadora Letícia Capone,do Grupo de Pesquisa em Comunicação,Internet e Política da PUC-Rio,o sucesso da direita pode ser explicado pela resistência ao governo Lula em segmentos que se engajaram,como autônomos e empreendedores médios:
— A extrema direita conseguiu mobilizar narrativas que mexem com o imaginário coletivo. É uma questão que transcende o aspecto ideológico e a polarização,tendo o potencial de furar a bolha.
Até o vídeo de Nikolas,políticos da direita engajavam dentro de suas bases,de acordo com o grupo de pesquisadores. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a fazer um tuíte em que afirmava que cabeleireiros e pedreiros poderiam ser obrigados a entregar parte de sua renda. A mensagem alcançou mais de 1,6 milhão de contas na rede social X. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também foi um dos principais difusores do discurso da oposição sobre o tema,por ter sido um dos primeiros. Ele publicou que a medida tinha o intuito de “quebrar sigilo bancário dos brasileiros em massa,sem autorização judicial”.
O vídeo de quatro minutos de Nikolas,que o colocou na quarta-feira entre os assuntos mais comentados do X,foi o responsável por atingir usuários de fora da bolha. O deputado diz que a medida da Receita não levaria à taxação do Pix,mas sugere que a população poderia vir a ser tributada. Em outra parte da gravação,Nikolas diz que o intuito da medida é “arrecadar mais impostos” e “tirar dinheiro do seu bolso”.
— O governo Lula vai monitorar seus gastos. Não,o Pix não será taxado. Mas é sempre bom lembrar… a comprinha da China não seria taxada,mas foi. Não ia ter sigilo,mas teve. Você ia ser isento do imposto de renda,não vai. O Pix não será taxado,mas não duvido que possa sim — afirmou o bolsonarista.
Para Marco Aurelio Ruediger,diretor da Escola de Comunicação da Fundação Getulio Vargas (FGV),o deputado obteve relevância por fazer as associações com polêmicas do passado,como quando o ministro da Fazenda,Fernando Haddad,foi apelidado de “Taxad” nas redes,por sua atuação durante a aprovação da Reforma Tributária. Ruediger avalia que a condução da crise,com falhas do governo na comunicação,foi o maior erro cometido desde o início do terceiro mandato de Lula:
— Foi uma grande derrota para o governo e a direita soube preencher este espaço. Até quando tentou explicar,o governo deixou nas mãos da Receita,do próprio leão que já gera desconfiança.
Mesmo tímida,a esquerda tentou reagir. O principal conteúdo em resposta às mensagens falsas foi feito por Lula e alcançou 15,9 milhões de visualizações no Instagram. No vídeo,o presidente faz um Pix para seu time,o Corinthians,para ajudar a pagar uma dívida do clube e rebate a alegação de que haveria taxação.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também teve destaque nas redes,ainda segundo o levantamento do Democracia em Xeque,ao também negar que haveria taxação. O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) alcançou cerca de cinco milhões de usuários com quatro publicações diferentes. Na principal,o psolista afirma que irá processar Nikolas por desinformar sobre a regra.
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