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Entrevista: governo estava 'do lado da verdade' e desistir 'dá vitória' à oposição, diz ministro Renan Filho sobre Pix

2025-01-17 HaiPress

Renan Filho,Ministro dos Transportes — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 16/01/2025 - 21:59

Ministro dos Transportes critica recuo do governo no Pix e sugere alianças políticas para 2026

Ministro dos Transportes critica governo por recuar em norma do Pix,alegando que desistir dá vitória à oposição. Destaca a importância de combater mentiras na política e sugere envolver ministro Haddad para enfrentar fake news. Defende a necessidade de persistência e destaca a relevância de alianças políticas visando as eleições de 2026. Renan Filho considera candidatura ao governo de Alagoas e destaca a importância de figuras experientes no cenário político atual.

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O ministro dos Transportes,Renan Filho,avalia em entrevista ao GLOBO que o governo errou ao ceder às críticas e à pressão da oposição. Após a revogação da norma da Receita que ampliou o monitoramento sobre transações por Pix,o auxiliar de Luiz Inácio Lula da Silva avalia que era preciso partir para a luta política,já que o Executivo tinha o “argumento certo”. Segundo Renan Filho,se o ministro da Fazenda,Fernando Haddad,tivesse entrado numa campanha,seria possível superar a disseminação de “mentiras”.

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O governo tomou a decisão correta ao revogar a norma sobre o Pix?

Acho que o governo deveria ter insistido,porque estava do lado da verdade. Recuar significa utilizar uma arma desproporcional para encerrar o debate. É como se não tivesse a necessidade de se comunicar bem. Na política,sempre se tem que perseverar na discussão e convencer as pessoas,sobretudo quando você está com o argumento certo. O vídeo que o Nikolas gravou é mentiroso. Tem que ser combatido por alguém do tamanho do ministro Fernando Haddad.

Uma campanha com Haddad teria efeito?

Se fizesse o combate,teria. Mas,para isso,seria necessário perseverar. As pessoas iam ver que era mentira. Houve a troca na Secom,está no começo. Não sei de onde veio a orientação. Mas sei que,na política,desistir dá essa vitória aí (para a oposição). Quando um cara do outro lado conta uma mentira grosseira,como Nikolas contou,tem que ser um cara que tenha “punch” para dizer: “Tá vendo esse rapaz aqui? É por isso que a política chegou nesse ponto,porque pessoas desse nível topam mentir para disseminar ódio”. E aí o Nikolas não aguenta. Ele corre.

O governo tinha que ter partido pra briga?

Com certeza. O problema é que mentira na rede precisa ser combatida com disponibilidade. Não é que o governo não tenha capacidade. O governo não atua. Enquanto Nikolas dedica dez horas por dia para gravar vídeo,quantas horas Haddad grava? Haddad tem muito mais credibilidade,mas tem que usar a ferramenta adequada,fazer um “react”,que é o que se usa para descredibilizar quem está mentindo. Tem que ser alguém que as pessoas conheçam,com autoridade moral para falar. O vídeo do Lula com a doação ao Corinthians bombou,só que não foi bala de prata. O governo precisa fazer esse combate diariamente,não só na crise. Lula tem muito mais realizações do que Bolsonaro.

Teremos uma segunda metade do governo com juros em alta,incerteza sobre inflação. É um cenário mais difícil.

Por isso,precisamos ancorar novamente as expectativas. Não se pode depositar toda a responsabilidade de conter a inflação na política monetária. Esse ano a meta do arcabouço é déficit zero. Tem que garantir que vai cumprir. Em alguns momentos,ruídos foram gerados em torno disso.

É o momento de abrir mais espaço para partidos aliados?

O presidente Lula é o maior líder de centro do Brasil. Defendo o exercício da Frente Ampla dentro do governo. Entendo que há espaço para que o governo faça uma reforma e ela amplie a sustentação no Congresso. Precisa resolver também o problema das emendas. Isso cria ruído. O movimento mais importante o ministro Haddad já fez ao colocar emenda dentro do arcabouço. Se tiver espaço político para reduzir,bom. Se não tiver,exija-se transparência. O que eu defendo é virar a página. Essa briga com o Congresso deixa o governo sempre em dificuldade.

Um dos argumentos para uma reforma é construir alianças em 2026. Mas partidos como o MDB não estão dispostos a decidir agora. Não seria inócuo?

Não. Ou,quando chegar lá na frente,o cara vai dizer “pô,tu nunca fez nada,vou ficar contra”. É como mandar flores a alguém. O MDB vai decidir qual caminho vai tomar por convenção. Não tem no mundo quem saiba. Mas isso impede o governo de prestigiar o partido? A política toda é feita de gestos. Se houver consonância,fica mais fácil. Se vier acompanhado de aprovação alta do presidente,mais fácil ainda. O MDB não tem identidade com o bolsonarismo raiz. No máximo,estará neutro ou terá candidato próprio. Votar no negacionismo,no golpe,é muito difícil. Por isso,defendo o exercício de conquistar esse MDB.

A conversa sobre a vice de Lula tem de estar nisso?

O presidente vai,no tempo apropriado,discutir isso também. Para a eleição passada,a indicação do vice-presidente Geraldo Alckmin foi uma construção muito boa,porque ampliou a candidatura. Foi uma aliança de adversários históricos demonstrando que,se for para defender a democracia,a gente precisa se unir. Foi um discurso importante para aquela eleição. Qual vai ser o discurso para essa?

Sob essa ótica,seria interessante então considerar o MDB para uma chapa?

O presidente vai fazer uma reflexão com relação a todos os partidos,inclusive o PT. Ele pode decidir por uma chapa “puro sangue” petista. Não tem decisão simples. O presidente tem que olhar o que o ajuda mais eleitoralmente e na sustentação congressual. Valorizar o bom companheiro é importante,mas às vezes a eleição precisa de outro que amplie mais. Lula é franco favorito. Jair Bolsonaro está inelegível e o campo dele está divididíssimo.

O senhor vai ser candidato ao governo de Alagoas?

É uma possibilidade. Vou discutir isso com o nosso grupo político de lá. A preferência hoje no MDB é essa. Isso se não acontecer nenhum fato novo.

Por exemplo,a vice de Lula?

A vice é a circunstância,não está dependendo tanto disso. Mas assim,se não acontecer nenhum fato novo,acho que o MDB local vai querer. É natural que cogitem o meu nome agora,mas também está um pouco longe. Ainda tenho muitas tarefas aqui. O presidente,de vez em quando,me diz para eu não ser candidato.

Por quê?

Não sei também. Fico com vergonha de perguntar. Ele fala que já fui governador,que é importante ter figuras experientes no Senado,na Esplanada. A política está mudando muito,tem um ambiente de mentira que precisa ter gente com densidade para combater.

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