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Crises mostram que governo Lula está com a casca fina

2025-01-17 IDOPRESS

Presidente Lula no Palácio do Planalto — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 16/01/2025 - 23:33

Crises desafiam capacidade de reação do governo de Lula

O governo de Lula está enfrentando crises com pouca capacidade de reação,mostrando fragilidade diante de adversidades. A oposição está explorando essas vulnerabilidades,exigindo uma atuação mais profissional e menos reativa do governo. Desafios como a crise do Pix e a reforma do Imposto de Renda colocam em xeque a habilidade do governo em construir consensos e lidar com pressões. A falta de diálogo e alinhamento entre setores do governo pode resultar em mais crises e dificuldades futuras.

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Todas as recentes crises enfrentadas pelo governo mostram que Lula e seus ministros estão com a casca muito fina para enfrentar pancadas. E,se existe algo que a oposição costuma farejar no ar,é governo com receio de encarar as batalhas — que serão muitas,e cada vez mais complexas,daqui até a eleição.

Lula parece estar sentindo o estreitamento da avenida que imaginava que teria para trafegar por fatores que não anteviu e sobre os quais parece não ter sido alertado. E as cartas de que dispõe para responder a cobranças parecem ser de poder limitado ou já gastas,por terem sido usadas à exaustão.

A ideia de que o “Brasil voltou” e de que sua missão seria a de “reconstruir” o país depois de Jair Bolsonaro,presente nos slogans oficiais,até rendeu uma largada tranquila,em que o presidente soube unir a classe política em resposta ao 8 de Janeiro e voltou a circular nos fóruns internacionais com a autoridade de quem poderia fazer a diferença em temas como o urgente enfrentamento da crise climática.

Passados dois anos,os desafios são de outra natureza,e a oposição,embora esteja ainda em maus lençóis com o iminente julgamento de Bolsonaro e de aliados de alto calibre,encontrou rotas alternativas para fustigar Lula,e é nesses flancos que sua gestão precisa atuar de forma mais profissional e menos reativa,depois do leite já derramado.

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A crise do Pix deveria virar um case em muitas frentes,mas,até aqui,o que se vê é o presidente e os ministros insistindo num discurso que nem de longe previne que haja outros desgastes semelhantes.

Nem Lula,nem Fernando Haddad,e nem a Advocacia-Geral da União — que parece ter enveredado sem volta por um caminho de ameaçar com processo todo aquele que criticar o governo em alguma medida — entenderam que a ideia de que o governo taxaria o Pix só colou porque havia um ambiente favorável a isso,que não se restringe à difusão de notícias falsas.

Se não se der conta da desconexão entre alguns de seus projetos e setores cada vez mais amplos da sociedade — que não se limitam aos bolsonaristas,como erroneamente parecem concluir os auxiliares do presidente —,o governo corre o risco de caminhar até 2026 de crise em crise.

A ideia estapafúrdia,defendida de forma orgulhosa pelo ministro Luiz Marinho,de insistir na cobrança de uma nova modalidade de imposto sindical tem tudo para ser um novo embate no qual o governo entrará para perder.

Caso não se articule e não construa um consenso mínimo,que dependerá da montagem da nova base aliada após a eleição das Mesas da Câmara e do Senado,o governo também pode dar adeus à sua reforma do Imposto de Renda,anunciada de forma atabalhoada no fim do ano passado como se fosse um contraponto à necessidade de medidas para tornar viável o ajuste fiscal.

Um governo que usa o termo fake news de forma bastante ampla,enquadrando como tal toda e qualquer crítica a suas políticas,pratica algo próximo à desinformação quando propala que a reforma passará no Congresso. Ninguém no comando das duas Casas acenou com qualquer compromisso nesse sentido,e também não se ouviu fora da ala à esquerda da base qualquer elogio à medida. A negociação,portanto,terá de ser feita a partir da estaca zero,essa é a verdade dos fatos.

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Da mesma maneira,a Medida Provisória feita às pressas para substituir,em parte,o conteúdo da instrução normativa que aumentava a fiscalização sobre meios de pagamento corre o risco de cair na vala dos projetos que já chegam “bichados” ao Parlamento,dado o fuzuê que a antecedeu. Vai requerer,diálogo — o que,é sempre bom lembrar,é um exercício em que se fala,mas também se ouve o outro lado.

Por fim,chama a atenção uma dinâmica que,a se tornar permanente,tem tudo para ser nitroglicerina pura: se o novo comando da Comunicação for sistematicamente ficar em lado oposto à Fazenda,como aconteceu na discussão sobre o anúncio da reforma do IR e,agora,na polêmica do Pix,terá saído pior a emenda que o soneto na única área que Lula se dispôs até aqui a tentar consertar.

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