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Lipedema em 5 dias: especial desvenda causas, sintomas e tratamento da doença que atinge 1 a cada 5 mulheres

2025-02-24 HaiPress

Especial Lipedema — Foto: Arte O GLOBO/Luisa Penna

O GLOBO inaugura hoje um projeto para ajudar você,leitor,a cuidar da sua saúde. A partir de agora,ao longo de uma semana,publicaremos conteúdos exclusivos,todos os dias,sobre uma determinada doença. A periodicidade será mensal. Decidimos começar com lipedema,condição que se caracteriza pelo acúmulo desproporcional de gordura nas pernas. Apesar de afetar 1 a cada 5 mulheres,ela ainda é pouco falada e,muitas vezes,confundida com obesidade.

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A matéria inaugural,que segue abaixo,detalha as causas,os sintomas e os tratamentos disponíveis. Hoje,publicamos também um quiz em nosso site para você saber se pode sofrer do problema. Até sexta-feira,teremos ainda vídeos com depoimentos de pacientes e médicos,além de entrevistas sobre o assunto.

Você pode participar mandando suas questões sobre o lipedema. As perguntas selecionadas serão respondidas pelo endocrinologista Fabiano Serfaty e publicadas na próxima quinta-feira. Importante ressaltar que as discussões tratadas aqui vão ajudar a esclarecer dúvidas. Elas não se configuram como uma consulta,sempre procure seu médico antes de tomar qualquer decisão sobre seu estado de saúde.

Você pode enviar suas perguntas para o e-mail: pergunteaodr@oglobo.com.br. Participe!

Lipedema ainda é cercado de estigmas e desconhecimento

Embora muito prevalente,com estimativas que chegam a 1 a cada 5 mulheres,o lipedema foi reconhecido como doença apenas em 2019 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Oficialmente,o termo foi incluído dois anos depois na 11º edição da Classificação Internacional de Doenças (CID),onde é caracterizado como um “inchaço ‘gorduroso’ (...) geralmente confinado às pernas,coxas,quadris e parte superior dos braços”.

A doença não é nova,foi descrita pela primeira vez ainda em 1940 por dois pesquisadores da Mayo Clinic,nos Estados Unidos. Por isso,também é conhecida como síndrome Allen-Hines,em referência aos nomes dos médicos. No entanto,demorou a ser difundida entre os profissionais,sendo até hoje comumente confundida com outros diagnósticos,como obesidade e linfedema.

— O lipedema é uma condição vascular,crônica e progressiva caracterizada pelo acúmulo anormal de gordura subcutânea principalmente nos membros inferiores (coxas e pernas) e,em alguns casos,nos braços. Esse acúmulo de gordura não é influenciado diretamente pela dieta ou pelo exercício físico e está associado a dor,sensibilidade e tendência à formação de hematomas. Além disso,ocorre quase que exclusivamente em mulheres — explica Armando Lobato,angiologista e cirurgião vascular,presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).

Mais recentemente,além da inclusão na CID,os relatos de personalidades que sofrem com o problema têm ajudado a jogar luz sobre o lipedema. No Brasil,alguns nomes que ganharam destaque nos últimos anos ao falarem sobre o diagnóstico foram o da modelo e ex-BBB Yasmin Brunet e da repórter do programa ‘Mais Você’,da TV Globo,Juliane Massaoka. Ambas relataram o inchaço nas pernas que não correspondia ao acúmulo de gordura no restante do corpo.

— O aumento da conscientização sobre o lipedema nos últimos anos se deve a vários fatores,como a maior disseminação de informações por profissionais de saúde e pacientes compartilhando sobre a doença,especialmente por meio da internet e redes sociais. Além disso,temos diagnósticos mais precisos e mais interesse nos tratamentos — afirma Lobato.

Ilustração especial Lipedema em 5 dias — Foto: Arte O GLOBO/Luisa Penna

Quais os sintomas do lipedema?

Especialistas ouvidos pelo GLOBO explicam que o aspecto visual das pernas é geralmente o sintoma que acende o primeiro alerta sobre a possibilidade de ser um caso de lipedema,explica o médico Fábio Kamamoto,diretor do Instituto Lipedema Brasil:

— Alguns sintomas são bastante característicos,como a desproporção da região da cintura em relação às pernas,ou seja,alguém com muito menos gordura no resto do corpo do que nos membros. Além disso,quando essa pessoa perde peso com dieta e exercícios físicos,ela consegue emagrecer no tronco,mas nem sempre nos membros.

Ele explica que outras queixas que podem estar acompanhadas são dores,sensação de peso,de queimação e formação de hematomas,especialmente nas pernas. Esses sintomas podem piorar com mudanças hormonais,como na puberdade,com o uso de anticoncepcionais de hormônios,na gestação e na menopausa.

Qual a prevalência do lipedema no Brasil?

O diagnóstico é feito de forma clínica,baseado na avaliação do médico e na história da paciente. Exames de imagem,como ultrassonografia e ressonância magnética,podem ser utilizados para diferenciar o lipedema de outras condições,porém não existe um teste laboratorial específico para confirmar a doença.

Em relação à prevalência do lipedema na população,os especialistas explicam que,como ele muitas vezes não é diagnosticado corretamente,os números reais são incertos. No entanto,Lobato,da SBACV,aponta que os estudos têm apontado para algo entre 11% e 19% das mulheres – ou seja,até 1 a cada 5.

Entre as brasileiras,um trabalho publicado no periódico Jornal Vascular Brasileiro por pesquisadores paulistas,em 2022,estimou que 12,3% têm lipedema após realizar questionários. O que,com base nos últimos números do Censo Demográfico do IBGE,representaria cerca de 12,9 milhões de mulheres no país.

Ilustração especial Lipedema em 5 dias — Foto: Arte O GLOBO/Luisa Penna

O que causa o lipedema?

Ainda não se sabe exatamente o que causa o lipedema,mas hoje a doença é compreendida como uma condição multifatorial que engloba fatores genéticos e hormonais. Isso porque há muitos relatos de pacientes que citam casos semelhantes na família,indicando uma predisposição hereditária.

Além disso,o fato de afetar quase que exclusivamente mulheres e estar ligado aos períodos de mudanças hormonais é o que sugere a ação dos hormônios femininos,especialmente do estrogênio,no seu desenvolvimento,explicam os especialistas.

Lobato,acrescenta que fatores ambientais,como alimentação inadequada,sedentarismo,obesidade,entre outros hábitos nocivos à saúde,podem impactar a progressão da doença.

Quais os tratamentos do lipedema?

Kamamoto,do Instituto Lipedema,explica que “por ser uma doença que se desenvolve a partir da presença de hormônios e tem características genéticas,não são causas que podem ser mudadas”. — Por isso dizemos que não existe uma cura para o lipedema,mas existe sim um controle — continua.

O tratamento consegue aliviar as queixas e melhorar a qualidade de vida da paciente. A estratégia ideal deve ser individualizada e orientada pelo profissional que acompanha o caso. Um dos fatores que pode influenciar a melhor conduta é o grau do lipedema,que é dividido em quatro estágios,do 1 ao 4,de acordo com a severidade.

Estágios do lipedema

Estágio 1

A superfície da pele é normal,ocorre aumento da gordura no tecido subcutâneo e há presença de nódulos ou bolinhas de gordura,como se fossem pérolas por baixo da pele;

Estágio 2

A pele é irregular,um pouco mais flácida do que o esperado para a idade e com aspecto de celulite,e os nódulos que podemos palpar ficam maiores;

Estágio 3

A pele é significativamente mais flácida,com a presença de dobras de pele. Isso pode causar dificuldade para caminhar e se movimentar. Além dos nódulos,podemos palpar também áreas de fibrose,que são como cicatrizes por baixo da pele causadas pela inflamação crônica;

Estágio 4

Todas as alterações descritas no estágio 3,mais o comprometimento do sistema linfático. O linfedema (comprometimento dos vasos linfáticos) pode ocorrer em qualquer estágio,mas é mais frequentemente encontrado em mulheres com lipedema a partir do estágio 3,quando é chamado de lipo-linfedema,ou no estágio 4.

* Fonte: Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV)

Entre as alternativas terapêuticas,os médicos podem indicar a prática de atividades físicas de baixo impacto,como hidroginástica,caminhada e pilates,que ajudam na circulação e mobilização da gordura; a adoção de uma alimentação balanceada e terapias compressivas,com meias ou bandagens,para reduzir o edema e melhorar a circulação.

No caso da alimentação,orienta-se implementar dietas ricas em frutas,vegetais,proteínas magras e gorduras saudáveis para ajudar a reduzir a inflamação e a retenção de líquidos. O consumo de alimentos ultraprocessados,açúcar refinado e excesso de sal devem ser evitados.

Também é indicado que a paciente tenha uma boa ingesta de água,evite longos períodos sentada ou em pé e busque práticas que auxiliam a controlar o estresse,como meditação e yoga,já que ele pode piorar o quadro de inflamação.

Além disso,pode ser recomendado o uso de medicamentos para aliviar dores e inflamações e a prática da drenagem linfática para auxiliar a circulação.

Caso o tratamento conservador não melhore o quadro da paciente,há a opção de cirurgia. Nesse caso,Lobato explica que existe um tipo específico de lipoaspiração para lipedema que consegue remover a gordura em excesso:

— A técnica consegue reduzir significativamente os depósitos de gordura e aliviar os sintomas mas,como a doença é crônica,o depósito anormal de gordura pode voltar a aparecer novamente. E a lipoaspiração,como qualquer procedimento cirúrgico,tem risco de complicações,por isso deve ser avaliada a cada caso pelo médico junto com a paciente.

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