Líderes do partido A Esquerda comemoram resultado após o anúncio da primeira parcial das eleições alemãs — Foto: Jens Schlueter/AFP

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GERADO EM: 23/02/2025 - 21:33

"Ressurgimento da Esquerda na Alemanha: Jovens impulsionam partido com foco em questões sociais"

A Esquerda ressurge na Alemanha com apoio dos jovens,aumentando votos e assentos no parlamento. Investimento em comunicação nas redes sociais e foco em temas como moradia e custo de vida impulsionaram o partido,tornando-o a escolha principal dos eleitores mais novos.

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Em uma eleição que deu à extrema direita alemã sua maior votação desde a Segunda Guerra Mundial,a supresa foi o partido A Esquerda.Fundada em 2007 por remanescentes do Partido Comunista da Alemanha Oriental e dissidentes do Partido Social-Democrata (SPD),a sigla reverteu o que parecia ser um caminho rumo à irrelevância política e caminha para dobrar sua representação no Parlamento com ajuda do voto jovem,que também foi diretamente responsável por alavancar o Alternativa para a Alemanha (AfD),de extrema direita.

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De acordo com a mais respeitada pesquisa de boca de urna divulgada após o fim da votação,A Esquerda (Die Linke,em alemão) terá 8,5% dos votos válidos,quase 4 pontos percentuais a mais do que o conquistado nas eleições de 2021,em um cenário político mais adverso,com avanço do populismo de direita — o SPD e o Partido Verde,de centro-esquerda,por exemplo,perderam votos percentualmente em comparação a 2021,enquanto os únicos crescimentos relevantes foram da União Democrata Cristã (CDU) e da AfD.

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aEm 2021,A Esquerda quase ficou fora do Parlamento alemão. Tendo obtido 4,9% dos votos,abaixo da cláusula de barreira de 5% imposta pela lei eleitoral,o partido só conseguiu garantir seus assentos por razão das bizantinas regras eleitorais alemãs,que garantem uma compensação quando há determinados votos diretos a candidatos (nominalmente). O partido,contudo,enfrentou uma crise durante o mandato,quando dez deputados abandonaram a legenda para formar uma nova,que deixasse de lado a defesa de pautas ditas identitárias defendidas pela sigla.

Analistas afirmam que A Esquerda conseguiu virar sua sorte ao investir na comunicação com o público jovem via redes sociais,ao acirrar a oposição não apenas com a AfD,mas também com os conservadores do CDU,e avançar sobre temas como moradia e custo de vida. De acordo com apuração da agência alemã Deutsche Welle (DW),o partido ganhou 20 mil filiados apenas no mês de janeiro.

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As redes sociais também foram parte fundamental da campanha da AfD. De acordo com a cientista política Gefjon Off,pesquisadora de pós-doutorado em Política Comparada na Universidade Leuphana,em Lüneburg,o partido extremista tem conquistado votos entre os jovens através de meios como o TikTok. Em entrevista ao GLOBO,a pesquisadora afirmou também que a extrema direita é favorecida nesse grupo por um processo de normalização,após sua entrada na corrente política dominante,que leva as pessoas de menor idade a não se chocarem tanto como as mais velhas com suas propostas mais radicais.

O resultado eleitoral espelha o sucesso da campanha. De acordo com a pesquisa eleitoral divulgada pelo canal de televisão alemão ADR após a votação,A Esquerda foi o partido mais votado entre jovens de 18 a 24 anos,recebendo um número estimado de 25% dos votos nesta faixa de idade — seguido pela AfD,com 20%. O CDU/CSU aparece em terceiro,com 13%.

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— Tudo está ficando mais caro e,ao mesmo tempo,os salários não estão aumentando — disse Rojin Yilmaz,de 20 anos,estagiário da Allianz em Aschaffenburg,que votou no Die Linke.

Na faixa imediatamente superior da pesquisa,de 25 a 34 anos,a AfD liderou,com a CDU/CSU na segunda colocação,e A Esquera em terceiro,com 16% dos votos nesta fatia do eleitorado. (Com NYT e AFP)