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A cultura do Gorila de saco, o bicho-papão da criançada, é revivida por grupos de jovens

2025-02-24 IDOPRESS

A Tropa do Gurilouko: espalha tradição — Foto: Divulgação/Gurilouko

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GERADO EM: 23/02/2025 - 20:25

"Jovens resgatam Gorilas de Saco no Carnaval: Cultura e Resistência"

Jovens reavivam cultura dos Gorilas de saco,personagens assustadores do carnaval carioca. Grupos como Gurilouko resgatam tradição nas ruas e redes sociais,desmistificando estigmas e valorizando a resistência cultural dos menos favorecidos. Renascimento busca resgatar dignidade e memória dos Gorilas,mostrando que tanto eles quanto os Clóvis têm espaço no carnaval.

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Pouco falados,mas inesquecíveis para quem já os viu,os Gorilas de saco são uma variação dos bate-bolas,com “pelo” feito por tiras de sacolas plásticas e máscaras assustadoras. Durante o carnaval,surgiam à noite em áreas da periferia do Rio,amedrontando crianças e incorporando a energia selvagem do animal. Embora a tradição tenha sido forte nas ruas das zonas Norte e Oeste,foi se apagando aos poucos. Hoje,pequenos grupos reacenderam a cultura,desfilando em bairros como Campo Grande,Penha e Padre Miguel.

Mais do que um susto,os Gorilas de saco se tornaram uma febre entre jovens,que se fantasiam,formam coletivos e espalham a tradição pelas redes sociais. O revival da fantasia,no entanto,não apaga o fato de que sua história é frequentemente ofuscada pelos Clóvis — os bate-bolas criados nas décadas de 1930 e 1940,que,com sua roupa bufante,máscara e bola de borracha,se tornaram o grande símbolo do carnaval carioca.

Criado em 2023,o Gurilouko tem conquistado uma nova geração de foliões,com mais de 80 mil seguidores no Instagram. Organizando encontros e caminhadas,o grupo leva o encanto dos antigos Gorilas do saco às ruas. Em janeiro,a Tropa do Gurilouko se apresentou no MAC-SP,no 38º Panorama de Arte Brasileira.

Rafael Menezes,um dos fundadores,explica que cada fantasia consome entre 17 mil e 20 mil sacolas plásticas. O processo começa com um casaco e uma calça,nos quais são feitos furos para acomodar tiras de sacola,criando o efeito volumoso característico dos Gorilas.

Luzé Gonçalves,artista e dramaturga,que também vive a tradição,acredita que o personagem foi mal visto devido ao seu histórico de violência. Para ela,o Gorila de saco simboliza a resistência cultural dos mais marginalizados,aqueles que não tinham recursos para criar um Clóvis. Em "Mandinga de Gorila",um curta-metragem dirigido por Luzé,ela explica que os gorilas surgiram como uma alternativa criativa e acessível para quem queria participar do carnaval,mas não podia investir nas fantasias caras.

Desmistificando estigmas

Hoje,os Gorilas de saco ressurgem através de grupos como o Gurilouko,buscando revitalizar a tradição de forma não-criminosa no carnaval de rua. Para Luzé,a dignidade histórica do Gorila de saco deve ser defendida,e seu renascimento é uma forma de desmistificar os estigmas que ainda envolvem a fantasia.

— Sabemos que há diferença entre o Clóvis e o Gorila,mas ambos têm seu espaço no carnaval. Afinal,somos todos apenas crianças atrás das máscaras — afirma Rafael.

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