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Muito barulho para pouca árvore

2025-02-27 IDOPRESS

Jardim de Alah,entre Ipanema e Leblon,será gerido pela Rio+Verde — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 26/02/2025 - 20:17

Controvérsia na Remoção de Árvores no Jardim de Alah: Revitalização em Debate

O artigo aborda a controversa remoção de árvores no Jardim de Alah,destacando a perplexidade entre a necessidade de revitalização do espaço e a oposição ao projeto. Enfatiza-se a questão filosófica sobre a percepção da realidade,ressaltando a importância da iniciativa de plantio de novas árvores. O texto pondera sobre a relevância do barulho gerado pelo protesto em relação à quantidade de árvores envolvidas,evidenciando a dualidade de sentimentos diante do processo de transformação urbana.

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“Se uma árvore cai na floresta e ninguém está lá para ouvir,ela faz barulho?”

Pergunta idiota,mas nem tanto — na verdade,um dilema filosófico que assombra boas cabeças desde o século XVIII,quando George Berkeley argumentou que a realidade só existe na medida em que a percebemos.

George Berkeley nasceu em 1685 numa abastada família irlandesa,estudou no Trinity College,tornou-se bispo (anglicano) e tinha tempo de sobra para se dedicar às vãs inquietações do espírito. Publicou uma obra alentada e influenciou pensadores notáveis. Se o seu nome ainda hoje soa familiar é porque é mesmo: a Universidade de Berkeley,na Califórnia,foi batizada em sua homenagem.

A árvore do seu paradoxo é irrelevante; o que importa é a nossa percepção.

Esta semana recebi algumas mensagens encaminhando protestos contra a derrubada de 130 árvores no Jardim de Alah. Elas ainda não caíram mas já estão fazendo barulho. Não aguento mais ver árvores caindo ou sendo derrubadas; os restos mortais da minha figueira querida continuam expostos aqui ao lado de casa e me machucam todos os dias,quando saio e passo por eles.

Conheço Miguel Pinto Guimarães,um dos responsáveis pelo projeto do novo Jardim de Alah. É meu amigo há décadas. É um carioca apaixonado,e o projeto reflete o seu amor. Torço por ele desde o começo,até porque não faz sentido ver um espaço tão importante entregue às baratas — e aos exploradores de estacionamentos ilegais.

Eu quero um Jardim de Alah vivo,seguro e vibrante,não aquela área devoluta e perigosa que está lá agora. Mas também quero árvores.

Liguei para tomar satisfações.

— Vem ver as árvores,eu te mostro uma por uma.

Fui. Conheci,se não todas,a maioria; e agora me pego pensando no barulho,e no que está por trás do barulho. Sim,algumas árvores vêm abaixo. Quatro amendoeiras bonitas,duas canafístulas,uma figueira. E uma quantidade de plantas que eu nunca chamaria de árvores,ainda que tecnicamente possam ser assim definidas. Buganvílias,babosas,filhotes de flamboyant e de pau-ferro,quatro projetinhos de pau-brasil muito jovens que serão remanejados. Arbustos. Touceiras. Plantas que poderiam ser transplantadas para potes e carregadas para dentro de casa.

Sinceramente? É muito barulho para pouca árvore.

E é tudo muito esquisito,ainda mais porque o projeto do novo Jardim de Alah prevê o plantio de 300 outras árvores. Elas não vêm adultas,é claro,mas o simples fato de que alguém esteja se propondo a plantar novas árvores deveria ser comemorado.

O protesto contra a remoção das árvores vem na esteira de processos que vêm travando as obras e mantendo o status quo. A lógica não explica. É muita oposição para um projeto bonito e criativo,que promete revigorar um espaço perdido.

E aí,talvez,esteja o mistério — em tudo o que implica essa palavra,revigorar. Revitalizar. Trazer gente e movimento. Repovoar.

Melhor o sossego do abandono do que a alegria da vizinhança.

______

A Scientific American de 5 de abril de 1884 ofereceu uma resposta técnica para acabar com a dúvida: “O som é vibração,transmitida aos nossos sentidos através do mecanismo do ouvido e reconhecida como som apenas em nossos centros nervosos. A queda da árvore ou qualquer outra perturbação produzirá vibrações no ar. Se não houver ouvidos para ouvir,não haverá som.”

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