Brasil está entre os três maiores fornecedores de aço para os EUA — Foto: Rich Press/Bloomberg
GERADO EM: 11/03/2025 - 21:18
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Entraram em vigor nesta quarta-feira as tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio anunciadas pelo presidente Donald Trump no mês passado. A medida vale para produtos de diferentes países,incluindo os do Brasil,um dos mais afetados pela política do republicano. Especialistas temem que as taxas levem à desaceleração das exportações para os EUA.
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Na semana passada,em reunião com representantes da equipe de Donald Trump,representantes do governo Lula fizeram um apelo para que a taxação do aço e do alumínio brasileiros fosse adiada. A ideia era conseguir mais tempo para negociar um acordo,evitando que as exportações brasileiras fossem prejudicadas nos EUA.
A postergação solicitada seria de pelo menos um mês,segundo interlocutores do governo e do setor privado. Até o momento,há informação se Washington aceitou o pedido do governo brasileiro. A previsão era de que fossem realizadas realizadas reuniões bilaterais técnicas nesta semana.
O Brasil está entre os três maiores fornecedores de aço para os EUA. Os argumentos do governo federal foram na linha de que as exportações de produtos siderúrgicos não prejudicam as indústrias americanas. Ao contrário: o aço brasileiro é matéria-prima e a tarifa de 25% vai aumentar os custos das empresas dos EUA,argumentam as autoridades.
Em fevereiro,quando a medida foi anunciada pelo presidente dos EUA,especialistas consultados pelo GLOBO demonstraram preocupação com os riscos da medida.
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José Augusto de Castro,presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB),disse que as tarifas surpreendem por serem “altíssimas e sem embasamento técnico”. Apesar de o governo americano não ter ainda anunciado o início da medida,Castro acredita que as taxas devem fazer desacelerar a exportações para os EUA.
Welber Barral,ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil e sócio da consultoria Barral M Jorge também afirmou que,com essa tarifa de 25%,vai ficar "mais complicado" para a indústria siderúrgica brasileira exportar para os EUA.
Na semana passada,o vice-presidente Geraldo Alckmin,em nome do governo Lula,fez um apelo para que a taxação do aço e do alumínio brasileiros fosse adiada,mas não foi atendido. Na prática,a medida de Trump revoga o entendimento firmado em 2018,no primeiro mandato do republicano,que estabeleceu cotas para a exportação de aço brasileiro para os EUA.
Segundo o Instituto Aço Brasil,as cotas permitiam ao Brasil exportar até 3,5 milhões de toneladas de placas e semiacabados e 687 mil toneladas de laminados para o mercado americano sem a tarifa adicional. Em 2024,os EUA importaram 5,6 milhões de toneladas,sendo que 3,4 milhões vieram do Brasil. Isso significou para o Brasil US$ 5,7 bilhões em divisas,como informou o blog da colunista do GLOBO Míriam Leitão.
No alumínio,a exportação brasileira para os EUA é menor,mas também significativa. Em 2024,o país exportou US$ 267 milhões em alumínio para os EUA,o equivalente a quase 17% de toda a produção que foi para o exterior.
Na terça-feira,o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou Trump. Em meio à guerra comercial promovida pelo americano,o chefe do Executivo disse que não adianta o republicano "ficar gritando de lá" porque ele não tem "medo de cara feia."
— Todo mundo vai ganhar,nós não queremos o Brasil para nós,queremos o Brasil para vocês. Não adianta o Trump ficar gritando de lá,porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo,fale com respeito comigo que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado.
Além do aço e do alumínio,Trump avisou que vai aumentar as alíquotas de produtos cujo imposto é maior do que o cobrado pelos americanos,como o etanol. Um dos argumentos usados pelo Brasil é que as exportações brasileiras não são uma ameaça às indústrias americanas,porque as economias dos dois países são complementares.
Além disso,quem pagará mais caro pelo tarifaço serão as empresas dos EUA,que dependem de produtos siderúrgicos para a produção.
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