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Glicação: preocupação com a beleza é válida, mas isso pode acarretar problemas mais sérios

2025-03-12 IDOPRESS

Glicação é um processo que afeta a saúde e a aparência da pele — Foto: Shutterstock

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GERADO EM: 11/03/2025 - 12:24

Como a Glicação e os AGEs Impactam a Saúde e o Envelhecimento

A glicação,processo onde açúcares se ligam a proteínas,gera AGEs,compostos ligados ao envelhecimento e doenças crônicas como diabetes e Alzheimer. Além dos efeitos estéticos,como rugas,os AGEs afetam coração,rins e cérebro. Reduzir o consumo de alimentos ricos em AGEs,como frituras e industrializados,e adotar métodos culinários mais saudáveis,pode mitigar esses impactos.

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AGEs. É possível que você já tenha ouvido algum dermatologista falar a formação de rugas e flacidez em consequência da glicação e os AGEs se encontram no meio dessa discussão,pois são os agentes danosos promotores da glicação. No entanto,apesar da preocupação estética ser válida e esse tipo de diagnóstico servir como um sinal de alerta,a glicação pode acarretar problemas mais sérios no corpo.

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"Os produtos finais de glicação avançada (AGEs,do inglês Advanced Glycation End-products) são compostos que se formam quando açúcares se ligam a proteínas,lipídios ou ácidos nucleicos sem a ação de enzimas,em um processo chamado glicação. Esse processo ocorre tanto dentro do corpo quanto em alimentos durante o preparo. Os AGEs acumulam-se no organismo ao longo do tempo e estão associados a diversas doenças crônicas,como diabetes,doenças cardiovasculares,doenças renais e Alzheimer",explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez,diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia,ao GLOBO.

"Eles são produtos altamente tóxicos no nosso corpo. Essa relação com o envelhecimento celular e doenças crônicas ocorre porque,a partir do momento que essa glicação avançada acontece,as células inflamam e envelhecem de maneira precoce. Como consequência,as células ficam mais flácidas,e com isso há um aumento do risco cardiovascular,de infarto,de AVC,e também um risco de morte de algumas células neuronais,prejudicando também o cérebro",acrescenta a endocrinologista Dra. Deborah Beranger,com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).

Na pele,a glicação pode promover aspecto amarelado,uma pele mais fina,ressecada,mais enrijecida,com mais formação de manchas e aparecimento de rugas,segundo a farmacêutica Maria Aparecida Mariosa,executiva do Núcleo de Nutrição da Biotec. A especialista explica que,à medida que os AGEs se acumulam nos ossos,nas articulações e nos músculos,eles podem contribuir para osteoporose e a artrite e o enfraquecimento e diminuição da massa muscular com a idade.

"AGEs participam no declínio da memória relacionado à idade,no comprometimento do processo de cicatrização,no envelhecimento da pele,na catarata e até mesmo na disfunção erétil. Em um intervalo de cinco a seis décadas,os níveis de AGEs em nossos tecidos praticamente dobram,razão pela qual isso é visto não apenas como um marcador de envelhecimento,mas como um condutor ativo do processo de envelhecimento",diz.

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A médica nutróloga pontua que os alimentos ricos em proteínas e gorduras,como carnes vermelhas,laticínios integrais,frituras e produtos industrializados,tendem a conter níveis mais elevados de AGEs,especialmente quando preparados em altas temperaturas. "Alimentos processados,fast food e refeições prontas para consumo também são grandes fontes de AGEs devido ao processamento térmico intenso",destaca Dra. Marcella. "Sabemos também que a maneira de cozinhar interfere,sim,na produção desses produtos de glicação. A maneira que faz mal é quando o cozimento é feito acima de 180 graus em ambientes secos,pobres em umidade,independentemente de serem fritos,assados ou grelhados",pontua Dra. Deborah. "Em contraste,métodos como o cozimento a vapor,fervura e preparo no micro-ondas,que utilizam temperaturas mais baixas e maior quantidade de água,produzem menos AGEs",enfatiza Dra. Marcella Garcez.

Além disso,é necessário também ajustar a quantidade de açúcares ingeridos. "O açúcar é um alimento extremamente consumido em nossa sociedade. De acordo com OMS (Organização Mundial da Saúde),o brasileiro consome em média 50% a mais de açúcar do que o recomendado. No Brasil,o Guia Alimentar para a População Brasileira sugere que o consumo de açúcar de adição seja reduzido,principalmente por meio da menor ingestão de alimentos industrializados e bebidas como refrigerantes,sucos artificiais,sobremesas. A glicação é uma reação não enzimática que ocorre de forma contínua onde esse excesso de metabólicos do açúcar circulante e extremamente reativo se liga a moléculas especialmente a proteínas. Ocorre a todo momento,principalmente em quadros hiperglicêmicos como diabetes",alerta a farmacêutica Maria Aparecida Mariosa.

"Muitas vezes os açúcares estão mascarados nos alimentos,principalmente ultraprocessados (industrializados). Nomes do açúcar em produtos industrializados: melado de cana,melaço,mel,açúcar invertido,glicose,lactose,glucose de milho,xarope de milho,frutose,maltose,sacarose e xarope de malte",completa.

Como os sinais na pele servem de alerta para problemas que podem ser mais sérios,é necessário também buscar ajuda médica para e adequar a alimentação. "Ainda não há um consenso científico sobre um limite seguro para o consumo diário de AGEs,mas pesquisas sugerem que reduzir a ingestão de alimentos ricos em AGEs pode trazer benefícios para a saúde,especialmente em populações com maior risco de doenças metabólicas e inflamatórias. Estudos continuam sendo realizados para entender o impacto específico da ingestão de AGEs na saúde a longo prazo e estabelecer orientações mais claras",aponta Dra. Marcella.

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A médica nutróloga explica que é possível através de mudanças na alimentação e no preparo dos alimentos reduzir a formação de AGEs pela alimentação. "Primeiro,é necessário priorizar métodos como cozinhar no vapor,ferver e assar em temperaturas mais baixas. Marinar carnes e proteínas em vinagre ou suco de limão também pode diminuir a formação de AGEs durante o cozimento. Outra dica importante é limitar o consumo de fast food e produtos ultraprocessados,que são ricos em AGEs. Também é fundamental aumentar o consumo de alimentos de origem vegetal,que tendem a conter menos AGEs e oferecem antioxidantes que combatem os efeitos oxidativos desses compostos",observa. Adicionar especiarias,frutas e vegetais que possuem antioxidantes também é recomendado.

Para tratar e prevenir a glicação,a farmacêutica indica suplementos,como Glycoxil,um peptídeo biomimético da carcinina. "Ele atua nas etapas de formação dos AGEs,impedindo a ligação do açúcar com a proteína,portanto com ação antiglicante,e desglicante quando essa reação está iniciando. Quando há uma inflamação em decorrência da glicação,é necessário intervir com a mudança dietética e a inclusão de suplementação adicional de Vitamina C e fosfolipídeos de caviar (FC Oral),para promover ação antioxidante e modulação da inflamação",fala Maria Aparecida.

"Além disso,o consumo de alimentos frescos e pouco processados contribui para uma menor ingestão de AGEs. Essas práticas podem,em conjunto,ajudar a controlar a quantidade de AGEs ingeridos",finaliza Dra. Marcella

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