O presidente dos EUA,Donald Trump,discursa durante uma reunião de gabinete na Casa Branca em Washington,DC — Foto: Jim WATSON / AFP
GERADO EM: 14/03/2025 - 20:49
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E essa,hein?! Quem diria que a globalização seria detonada a partir dos Estados Unidos? Pois é o que Trump está fazendo a golpes de tarifas de importação distribuídas de modo errático. Se prosseguir nessa direção,causará danos enormes aos Estados Unidos e ao mundo todo.
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A perspectiva de desastre já aparece nos Estados Unidos. O índice S&P 500,que reúne ações das maiores companhias americanas,registrou alta expressiva com a eleição de Trump. O pessoal esperava um ambiente de corte de impostos e eliminação das regras que controlam os negócios. Para esse pessoal,isso de tarifas era só coisa de campanha,que Trump logo esqueceria depois de impor algumas taxas aqui e ali. Diante do modo agressivo do presidente,o mercado se assustou. Todo o ganho na Bolsa de Valores foi consumido em dias recentes.
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Os consumidores também perceberam que algo estava errado. Haviam votado num presidente que prometia derrubar preços “no primeiro dia”. E toparam logo com a perspectiva de mais inflação. Os dois principais índices de confiança do consumidor,da Universidade de Michigan e do Conference Board,despencaram em março,depois das altas de dezembro,pós-eleição.
As dúvidas envolvem métodos e objetivos. No primeiro momento,parecia que as tarifas aplicadas às importações de México e Canadá eram uma ameaça. Se os dois países vigiassem as fronteiras,de modo a coibir a passagem de imigrantes ilegais e drogas para os Estados Unidos,as tarifas seriam suspensas. Os governos de México e Canadá reforçaram seus controles de fronteira,com bons resultados. Mas as tarifas,viu-se logo,não eram só para isso. Trump está no modo protecionista clássico: aumentar tarifas para tornar mais caros produtos importados e,assim,levar as companhias americanas a produzir e vender localmente.
Não funcionará. Pior. Será uma “devastação”,disse o CEO da Ford,Jim Farley. Consideremos três situações: indústria automobilística,setor agrícola exportador e vinhos.
A produção de carros na América do Norte é um exemplo acabado de integração de produtos e serviços. Nada menos que 3,6 milhões de veículos leves vendidos nos Estados Unidos no ano passado foram montados no México e no Canadá. Isso representa quase um quarto do total de vendas. Ocorre que parte importante das fábricas instaladas nos vizinhos pertence às três grandes companhias com base em Detroit: Ford,Stellantis e GM. Além disso,todo carro montado nos Estados Unidos tem componentes importados de México e Canadá. Não é raro que um componente cruze as fronteiras várias vezes,sendo elaborado em diferentes fábricas. Além disso,parte dos carros da Volkswagen e da Nissan vendidos nos Estados Unidos também sai de fábricas mexicanas. Segundo Trump,os Estados Unidos não precisam de nada disso. Podem produzir tudo em casa.
O pessoal faz contas: quanto custaria fechar as fábricas de fora e reconstruí-las nos Estados Unidos? Segundo cálculos citados pela revista Economist,não ficaria por menos de US$ 50 bilhões,em vários anos. Feito isso,os custos das montadoras subiriam às nuvens,reduzindo lucros e vendas. E,pois,derrubando a atividade econômica. Só com a aplicação das tarifas de 25%,os carros provenientes de México e Canadá ficam em média US$ 2.700 mais caros no mercado americano. Nos mais sofisticados e mais lucrativos,US$ 9 mil de sobrepreço.
Trump também disse que os agricultores americanos deveriam produzir e vender localmente,em vez de exportar. A Economist,na sua ironia,perguntou: como transformar fazendas de soja para exportação em produtoras de avocado,fruta hoje comprada no México?
E os vinhos? A União Europeia,em retaliação,anunciou tarifas sobre a importação de uísque americano,o bourbon. Enraivecido,Trump ameaçou com tarifas de 200% sobre vinhos europeus. Os Estados Unidos são ao mesmo tempo os maiores produtores,consumidores e importadores de vinho,especialmente de França e Itália. Levaria anos para as vinícolas locais substituírem a importação,se tivessem recursos para esse pesado investimento. Enquanto isso,o preço dos vinhos importados vai disparar.
Protecionismo dá nisso: inflação e desaceleração da economia.
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