Um dos portões de entrada para o campus de Harvard — Foto: Bloomberg
O governo do presidente dos Estados Unidos,Donald Trump,cumpriu na noite desta segunda-feira a sua ameaça de retirar o financiamento federal à Universidade Harvard,horas depois de a mais antiga e mais rica faculdade dos EUA ter recusado concordar com uma lista de novas exigências do governo.
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A Casa Branca congelou US$ 2 bilhões em subsídios plurianuais a Harvard,de acordo com o Grupo de Trabalho Conjunto para combater o antissemitismo. No mês passado,a Casa Branca disse que estava examinando até US$ 9 bilhões em subsídios e contratos federais como parte de seus esforços para combater o antissemitismo nos campi dos EUA.
Os riscos para Harvard aumentaram no final da semana passada,quando o Departamento de Educação e outras agências dos EUA enviaram uma carta exigindo uma série de mudanças,incluindo o desmantelamento de programas de diversidade,equidade e inclusão,a proibição de atletas transgêneros competirem em equipes femininas,reestruturação da governança universitária,além da revisão e mudanças em departamentos que "alimentam o assédio antissemita" e "acabam com a captura ideológica". O governo também queria mudanças nos programas “com registros flagrantes de antissemitismo” e relatórios trimestrais até 2028.
Harvard,que tem um fundo patrimonial de US$ 53 bilhões,disse em uma carta desafiadora nesta segunda-feira que não abriria mão de sua independência nem de seus direitos constitucionais.
“Nem Harvard nem qualquer outra universidade privada pode se permitir ser controlada pelo governo federal”,afirmou a universidade em um comunicado.
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Segundo o presidente de Harvard,Alan Garber,a exigência do governo “deixa claro que a intenção não é trabalhar conosco para lidar com o antissemitismo de forma cooperativa e construtiva”.
A recusa marcou a primeira resistência aberta de uma universidade de elite aos esforços do governo Trump,que tem intensificado a pressão sobre instituições americanas de ensino superior. A Universidade Columbia,centro dos protestos pró-palestinos no ano passado,foi o primeiro alvo,com US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) em financiamento cortados no mês passado,incluindo bolsas de pesquisa.
“A declaração de Harvard hoje reforça a preocupante mentalidade de direito que é endêmica nas universidades e faculdades de maior prestígio de nosso país — que o investimento federal não vem com a responsabilidade de defender as leis de direitos civis”,escreveu em um comunicado a força-tarefa multidisciplinar do governo americano encarregada de revisar contratos federais com a Universidade.
As exigências feitas a Harvard foram mais severas do que as da Universidade Columbia,que cedeu às exigências depois que o governo Trump disse que estava congelando US$ 400 milhões em financiamento federal à instituição. A universidade então concordou em proibir máscaras,expandir os poderes da polícia do campus e nomear um vice-reitor sênior para supervisionar o departamento de Estudos do Oriente Médio,Sul da Ásia e África.
Harvard,por sua vez,tem enfrentado uma pressão da comunidade em Cambridge para resistir às exigências,com passeatas quase que diárias,segundo o jornal Washington Post. Em editorial recente,o jornal estudantil Harvard Crimson afirmou: “Harvard deveria trabalhar com outras universidades para reagir,liderando a luta contra os ataques implacáveis do governo Trump ao ensino superior”.
(Com AFP)
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