Presidente do México,Claudia Sheinbaum discursa durante um comício: economia do país sofre com tarifas de Trump — Foto: AFP
GERADO EM: 22/04/2025 - 17:27
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A guerra comercial deflagrada pelo presidente dos EUA,Donald Trump,levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a reduzir suas projeções para o crescimento econômico global em 2025 e 2026,segundo relatório divulgado nesta terça-feira pelo organismo multilateral.
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EUA,México,Canadá e China são os destaques nas revisões para baixo,em decorrência do choque tarifário de Trump,mas os mexicanos são os maiores perdedores da crise,segundo o FMI.
Os dados estão na edição de abril do relatório Perspectivas Econômicas Mundiais (WEO,na sigla em inglês),divulgado no primeiro dia das reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial,em Washington.
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— Foto: Editoria de Arte
Das principais economias citadas no relatório do FMI,nenhuma perderá mais do que o México,um dos países que mais depende do comércio exterior com os EUA.
O PIB mexicano deverá registrar uma retração de 0,3% este ano,na projeção revisada pelo organismo multilateral. Em janeiro,o FMI apontava avanço de 1,4%,corte de 1,7 ponto percentual,o maior na tabela com as principais economias do mundo no WEO de abril. Para 2026,a projeção é de crescimento de 1,abaixo dos 2,0% estimados anteriormente.
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O Canadá,o outro vizinho dos EUA que foi atingido logo no início pelos aumentos de tarifas de Trump,também deverá crescer menos. Para 2025,a projeção de crescimento foi para 1,ante 2,0% anteriormente. Para o ano que vem,o PIB canadense deverá crescer 1,6%,0% na estimativa anterior.
O relatório do FMI,logo em seu resumo inicial,dá contornos de reviravolta à nova política de comércio exterior dos EUA. Mesmo com Trump já eleito,o cenário traçado pelo organismo multilateral para 2025 e 2026,diz o texto,era de um crescimento global “estável,porém decepcionante”,após “uma série sem precedentes de choques nos anos anteriores” — como a Covid-19 e seus desdobramentos e a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“No entanto,o cenário mudou à medida que governos ao redor do mundo reorganizam suas prioridades de política econômica”,diz o resumo inicial do WEO de abril.
Na semana passada,a diretora-geral do FMI,Kristalina Georgieva,já havia afirmado que a guerra comercial esfriará a economia global,ainda que não provoque uma recessão mundial ainda este ano.
Diretora-geral do FMI,Kristalina Georgieva já havia sinalizado para desaceleração da economia global,em discurso de abertura,uma semana antes das reuniões de primavera — Foto: AFP
Desde o início do segundo governo Trump,em 20 de janeiro,elevações de tarifas de importação vinham sendo anunciadas pelos EUA,com retaliações por parte de seus principais parceiros comerciais,“culminando em tarifas praticamente universais” no anúncio do último dia 2,o que elevou a média efetivamente cobradas pelo governo americano sobre as importações que entram no país “a níveis não vistos em um século”.
“Isso,por si só,representa um choque negativo significativo para o crescimento”,continua o resumo do relatório do FMI. “A imprevisibilidade com que essas medidas vêm sendo implementadas também tem um impacto negativo sobre a atividade econômica e as perspectivas,ao mesmo tempo em que torna mais difícil do que o habitual formular premissas que sirvam de base para um conjunto de projeções”.
Apesar das incertezas para traçar estimativas,“riscos negativos crescentes dominam”,diz o relatório. Embora reconheçam que “uma redução nas tarifas atualmente em vigor e novos acordos que tragam clareza e estabilidade às políticas comerciais podem impulsionar o crescimento global”,os economistas do FMI ressaltam que as coisas também poderão piorar bastante,inclusive nos mercados financeiros mundo afora.
“Posturas políticas divergentes e em rápida transformação ou um agravamento do sentimento de mercado podem desencadear uma reprecificação adicional de ativos,além do que ocorreu após o anúncio das amplas tarifas dos EUA em 2 de abril,bem como fortes ajustes nas taxas de câmbio e nos fluxos de capital — especialmente para economias que já enfrentam dificuldades com dívidas. Isso pode levar a uma instabilidade financeira mais ampla,inclusive com danos ao sistema monetário internacional”,diz o resumo do relatório.
Alertando que as estimativas foram feitas com base nas informações e nas medidas divulgadas apenas até 4 de abril,o relatório revisou a projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA para 1,9 ponto a menos do que a estimativa anterior,de 2,7%. Para 2026,o FMI espera que a economia americana cresça apenas 1,7%,ante a estimativa anterior,1%.
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Principal alvo do tarifaço de Trump,a China deverá crescer 4,0% este ano,na projeção revisada do FMI,6 ponto abaixo dos 4,6% anteriormente estimados. Ano que vem,a segunda maior economia do mundo deverá repetir o crescimento de 4,0%,ante os 4,5% das estimativas anteriores.
O Brasil passou relativamente ileso. O FMI projeta crescimento de 2,0% para a economia brasileira,tanto em 2025 quanto em 2026,2% para os dois anos,nas estimativas anteriores.
Além de ter tido uma revisão de apenas 0,2 ponto para baixo,o Brasil é pouco mencionado no relatório do FMI. O capítulo 1 do WEO,que trata das projeções em si,cita o Brasil em apenas dois trechos,nada diretamente relacionado à atividade econômica.
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Numa seção sobre inflação,o texto faz revisões para cima nas projeções para os índices de preços no Brasil deverão ser compensadas por revisões para baixo na Argentina,na composição agregada da dinâmica de preços da América Latina.
A outra menção tem a ver com o café. Numa seção sobre cotações de commodities agrícolas,o relatório do FMI diz que,entre agosto de 2024 e março de 2025,“os preços do café subiram 33,com o índice de café do FMI atingindo níveis históricos em fevereiro devido a preocupações com a oferta relacionadas ao clima no Brasil”.
Para a economia mundial,o organismo multilateral espera agora avanços de 2,8% este ano e de 3,0% em 2026. Na previsão anterior,de janeiro,as projeções estavam em 3,3% para cada ano — em todos os cenários,o ritmo ficaria abaixo da média histórica de 2000 a 2019,de 3,7% ao ano.
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