Cena de 'Conclave' — Foto: Divulgação
GERADO EM: 07/05/2025 - 02:30
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A partir desta quarta-feira (7),cardeais se reunirão no Vaticano para eleger o sucessor do Papa Francisco. O processo,envolto em segredo,ocorre poucos meses após uma eleição papal ficcional ganhar tratamento hollywoodiano no drama “Conclave”,de Edward Berger. O título do filme vem da conferência secreta em que cardeais da Igreja Católica escolhem o próximo líder da instituição.
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O filme oferece ao grande público um raro vislumbre de um processo que,na vida real,ocorre sob rigorosas medidas de segurança para garantir a confidencialidade. A produção foi “bastante precisa,exceto em algumas coisas”,segundo Kurt Martens,professor de direito canônico na Universidade Católica da América.
“Conclave” foi amplamente celebrado e conquistou os principais prêmios do sindicado dos roteiristas dos Estados Unidos,da academia de cinema do Reino Unido e o Oscar de melhor roteiro adaptado. A seguir,confira o que acontece no filme (atenção: pequenos spoilers) — e o que especialistas em assuntos papais afirmam ser verídico.
Cena de 'Conclave' — Foto: Divulgaçõa
O filme começa com a morte de um pontífice fictício e segue o processo dramático de uma eleição papel. Ralph Fiennes interpreta o cardeal Thomas Lawrence,decano do Colégio de Cardeais. Os personagens de Stanley Tucci,John Lithgow,Lucian Msamati e Sergio Castellitto aparecem como candidatos de peso ao papado. O longa acompanha os cardeais ao longo de diversas sessões de votação,em um refeitório comum e nos aposentos do palácio papal onde ficam reclusos.
Embora muitos especialistas tenham elogiado o filme como uma das representações mais fiéis de um conclave,Piotr Kosicki,professor associado de história na Universidade de Maryland,faz uma ressalva: “em certo nível,pouquíssimas pessoas fora do Colégio de Cardeais podem realmente falar com propriedade sobre o que acontece a portas fechadas”.
Cena de 'Conclave' — Foto: Divulgação
Muitos dos rituais retratados — as orações,a queima das cédulas,uma agulha costurando os votos — são “mais ou menos corretos”,segundo Kosicki.
Durante a votação,cada cardeal escreve o nome de um candidato em uma cédula retangular. Os votos são lidos em voz alta,um por um,e cada cédula é perfurada por uma agulha antes de ser queimada. Se não houver um consenso de dois terços,a fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina é preta.
São permitidas quatro rodadas de votação por dia. Quando um papa é escolhido por maioria de dois terços,a fumaça que sai da chaminé torna-se branca.
No filme,alguns rituais são realizados em inglês e espanhol. Na realidade,“as orações no Vaticano são em italiano ou latim,ponto final”,afirma Kosicki.
Cena de 'Conclave' — Foto: Divulgação
Embora seja difícil afirmar com precisão o que se passa dentro de um conclave,a eleição de um Papa se assemelha à escolha de um chefe de Estado,explica Massimo Faggioli,professor de história na Universidade de Villanova.
As articulações ganham força logo após a morte do papa,durante o período que é chamado de “sede vacante”. Alguns cardeais concedem entrevistas à imprensa para ganhar visibilidade ou impulsionar aliados. Há encontros formais e informais,e também congregações gerais,em que todos os cardeais discutem o estado da Igreja e possíveis sucessores.
“Desta vez,acho que será um conclave aberto,ou seja,sem um sucessor natural ou um cardeal que seja claramente o favorito”,diz Faggioli.
Cena de 'Conclave' — Foto: Divulgação
A palavra conclave deriva dos termos latinos “com” (juntos) e “clavis” (chave),e o processo foi instituído na Alta Idade Média para garantir a escolha rápida de um novo Papa. Os cardeais fazem um juramento de sigilo e não podem deixar a área do conclave até que o novo Papa seja eleito — salvo raríssimas exceções.
No filme,o Papa é escolhido ao longo de três dias e sete votações dramáticas. Nos últimos dois séculos,porém,os conclaves não costumam durar mais do que quatro dias,afirma Faggioli. O Papa Bento XVI foi eleito em dois dias,em 2005 — o mesmo aconteceu com o Papa Francisco,em 2013.
“Todos preferem quando o processo é rápido,porque simboliza unidade”,comenta Kosicki. “E envia uma mensagem forte ao mundo exterior — aos 1,4 bilhão de católicos.”
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