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Vencedora de Leão de Ouro, Regina José Galindo abre individual no Rio

2025-06-23 IDOPRESS

A performance 'Primavera democrática' apresentada a Praça da Harmonia,no Rio — Foto: Daniel Ramalho

RESUMO

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GERADO EM: 18/06/2025 - 20:28

Regina José Galindo estreia exposição no Rio com crítica à democracia

A artista guatemalteca Regina José Galindo,vencedora do Leão de Ouro na Bienal de Veneza,inaugurou sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro. Na Zona Portuária,realizou a performance "Primavera democrática",onde,nua,foi cercada por flores,denunciando a falência da democracia em contextos de violência. Com obras expostas em instituições renomadas,Regina é conhecida por performances impactantes que abordam temas como violência e regimes antidemocráticos.

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É manhã de outono,mas um sol inclemente torra as areias da Praça da Harmonia,na Gamboa,Zona Portuária do Rio. Surge,então,completamente nua,a artista visual guatemalteca Regina José Galindo. Ela se deita sobre o chão,e dois coveiros cercam seu corpo com 200 buquês de flores. A ação leva aproximadamente uma hora para ser concluída até que,depois de manter-se impassível em meio ao quadrado florido por mais 20 minutos,a artista se levanta. Deixa para trás a silhueta de seu corpo impressa naquela superfície. Está concluída a performance “Primavera democrática”.

A obra inédita foi executada no último dia 3 e pode ser vista,em forma de vídeo e foto,na exposição homônima em cartaz na galeria Portas Vilaseca,em Botafogo,até 26 de julho. É a primeira vez que o Rio recebe uma individual da artista,de 50 anos,premiada com um Leão de Ouro na 51ª Bienal de Veneza. A mostra faz um apanhado de algumas das performances mais emblemáticas de Regina,cujos trabalhos já foram exibidos em instituições como MoMA (Nova York),Tate Modern (Londres) e Centre Pompidou (Paris).

A “Primavera democrática”,ela diz,denuncia como a ideia de democracia já nasceu morta na Guatemala e em outras partes do mundo. Afinal,não se pode falar em liberdade quando o cotidiano das populações é profundamente marcado por violências. “Os crimes contra as mulheres têm crescido nos últimos anos,como mostram as estatísticas,inclusive,no Brasil”,ilustra.

Nascida em meio a guerra civil que assolou a Guatemala entre 1960 e 1996,Regina tem memórias vívidas da militarização do país e a consequente naturalização da barbárie. Lembra-se das imagens de corpos nas ruas,das notícias de desaparecidos e dos discursos dominicais do ex-ditador Efraín Ríos Montt (1926-2018). “Isso me afetou profundamente porque meu pai se converteu evangélico e,dentro de casa,reinava este ambiente militar”,conta. “Eu me rebelei,pela primeira vez,em 1998,quando escrevi um livro com poemas que denunciavam essa atitude repressora familiar.”

Os primeiros textos já eram “viscerais e carnais”. Portanto,quando ela entrou em contato com a performance,no fim dos anos 1990,essa forma de arte lhe soou apropriada para transformar em imagem o que tinha a dizer. Segue,desde então,por um caminho em que denuncia violências,regimes antidemocráticos e questões climáticas. “Ela dá continuidade ao trabalho de artistas latino-americanos que fazem obras com um teor político muito forte”,afirma a curadora da mostra carioca,Daniela Labra,citando nomes como a cubana Tania Bruguera e a mexicana Teresa Margolles. “E faz isso de uma forma muito contundente e original,na qual,muitas vezes,coloca-se em risco.”

São performances como “Perra” (“Vadia”),apresentada na Itália,em 2005,em que Regina usou uma faca para escrever a palavra que dá título ao trabalho na própria perna. Na ocasião,denunciava corpos femininos torturados e encontrados,na Guatemala,com o termo escrito dessa maneira. Já em “La siesta”,também exibida no país europeu,em 2016,chamou atenção para as mulheres dopadas por agressores ao tomar 10ml de sedativo e ser despertada por dois homens jogando água gelada em seu rosto.

Assim como resistiu ao sol no Rio,a artista já passou por diversas provações físicas. Em “La sangre del cerdo II” (“O sangue de porco II”),exibida nos EUA,em 2017,esperou em pé,por duas horas,até que alguém puxasse a corda amarrada ao balde sobre a sua cabeça. Quando isso aconteceu,o público foi surpreendido com uma “chuva” de sangue de porco.

A performance “La sangre del cerdo II” foi apresentada em 2017,nos EUA — Foto: Matt Fibre

Nada disso,adianta-se Regina,tem a ver com masoquismo. Afinal,segundo ela,não há qualquer intenção em “fetichizar” a dor. “São peças anarquistas que não estão ligadas ao prazer,mas em denunciar sistemas de poder”,afirma. Ações que a conectam também a artistas brasileiros,como Lygia Clark,Paulo Nazareth e Laura Lima,os quais cita como referências. Em sua passagem pelo Rio,fez visitas a Panmela Castro,que retratou a guatemalteca em uma tela. “Ela é uma pessoa mais fechada,mas conseguimos nos conectar bem”,conta a carioca. “Nossos trabalhos dialogam muito,e é incrível ter a oportunidade de estar com pessoas admiráveis.”

Conexões que não se dão por acaso. Afinal,reconhece Regina,as questões abordadas em suas criações são universais. “Estamos no pior momento do mundo,com tudo sendo transmitido pela internet”,diz,citando as guerras em curso. “Isso mata o nosso espírito de luta porque estamos cedendo ao poder mundial. Estamos submissos ao genocídio.” No caso dela,porém,resignar-se não é opção. “Nós,artistas,precisamos produzir cada vez mais e pensar de que forma podemos ser um bastião de luta em momentos como este.”

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