
Quadro 'O Ato da Sagração e Coroação de D. Pedro II' — Foto: Divulgação - Museu Imperial
GERADO EM: 01/12/2025 - 23:26
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Por 183 anos,o pintor francês François-René Moreaux passou despercebido por quem observava o quadro “O Ato da Sagração e Coroação de D. Pedro II”,de sua autoria. Em uma espécie de autorretrato,Moreaux está entre os participantes da cerimônia representados na pintura que reproduz a coroação do imperador Dom Pedro II. A descoberta recente ocorreu quase que por acaso,durante o processo de higienização da obra. O rosto foi identificado pelo historiador e pesquisador Maurício Vicente Ferreira Júnior,que comparou a imagem com a de um retrato óleo sobre tela de Moreaux.
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Diretor do Museu Imperial de Petrópolis,na Região Serrana do Rio,Maurício Vicente conta que havia conhecido,há alguns anos,um dos poucos retratos de Moreaux. A pintura integra o acervo do Liceu de Artes e Ofícios,no Rio. Durante a retirada da tela de exposição no Palácio Imperial para higienização,o historiador teve a sensação de conhecer ou já ter visto aquele rosto.
— Fiquei com aquela sensação de já ter visto o rosto em outro contexto. Não deu outra. A fisionomia da pessoa pintada ia ao encontro do retrato de François-René Moreaux,óleo sobre tela,sem data,do artista Argemiro Cunha. A obra é do acervo do Liceu de Artes e Ofícios — conta Maurício Vicente. — Junto com a equipe de restauradores e técnicos do museu,comparamos os quadros e confirmamos que era o próprio artista em sua tela — explica.
De acordo com o historiador,com a descoberta,é possível afirmar que Moreaux repetiu uma estratégia de outro pintor francês,Jacques-Louis David,que se autorretratou no quadro de outra coroação,a do imperador da França Napoleão Bonaparte,de 1807. Maurício Vicente destaca que a prática era comum durante o período da Renascença,um movimento de renovação cultural e artístico ocorrido na Europa entre os séculos XIV e XVI.
Óleo sobre tela de 1842,o quadro pintado por Moreaux do ato de coroação de Pedro II foi apresentado na Exposição Anual da Academia Imperial de Belas Artes do mesmo ano. A obra foi comprada pelo imperador um ano depois,para ser instalado na Sala do Trono do Paço Imperial,na Praça XV,no Centro do Rio. Em 1889,após a Proclamação da República,o quadro foi levado para a França e retornou ao Brasil em 1975. Após ser restaurada,a tela passou a integrar o acervo do Museu Imperial dois anos depois.

Detalhe do rosto do pintor francês François-René Moreaux — Foto: Divulgação - Museu Imperial
O quadro de Moreaux foi recuperado como parte dos eventos nacionais do bicentenário do nascimento de Dom Pedro II,que será comemorado nesta terça-feira. Além da recuperação da obra,o museu vai inaugurar a nova Sala do Traje Majestático,onde ficarão o traje usado pelo imperador durante a coroação em 1841. A peça também foi restaurada. O novo espaço trará recursos tecnológicos de interação com os visitantes. Também será aberta ao público a exposição “Fale-me de Pedro: nas minúcias da memória”,que pretende mostrar um Pedro II,segundo Maurício Vicente,menos imperador e mais o carioca que governou o Brasil por 48 anos e suas muitas faces. A proposta da exposição se inspira nos 15 nomes de Pedro II.
— Será mostrado um Pedro menos formal e mais diverso,aquele que por meio de seus nomes que homenagearam santos,arcanjos,antepassados,tinha muitas faces — explica Maurício Vicente.
A mostra reúne mais de cem peças,entre elas os diários e documentos relativos às viagens de Dom Pedro II pelo Brasil e no exterior. Há ainda a camisola de bebê em cambraia de linho que pertenceu ao monarca,desenhos produzidos pelo imperador em diferentes fases da vida,estudos de tradução,volumes de sua biblioteca particular e cartas trocadas com seu pai.

Pintor François-René Moreaux,do artista Argemiro Cunha — Foto: Divulgação - Museu Imperial (acervo do Liceu de Artes e Ofícios-RJ)
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