
Daniel Vorcaro,dono do Banco Master — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
A reclamação dos advogados de defesa do dono do Banco Master,Daniel Vorcaro,que fez com que a investigação fosse parar no gabinete de Dias Toffoli,do Supremo Tribunal Federal (STF),pedia inicialmente que o processo fosse para outro ministro: Kassio Nunes Marques,relator da Operação Overclean,que apura um esquema de corrupção,lavagem de dinheiro e desvios de recursos públicos na execução de emendas parlamentares. Os advogados alegaram conexão com as duas apurações.
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Em uma análise preliminar,a presidência do Supremo,porém,considerou que o caso Master não tinha ligação com a Overclean e determinou o sorteio eletrônico entre os integrantes da Corte.
Com isso,a reclamação foi enviada a Dias Toffoli,que decidiu colocá-la sob sigilo.
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A defesa de Vorcaro alegou ao Supremo que a Justiça Federal de Brasília não era o foro competente para cuidar das investigações por conta de um contrato imobiliário apreendido pelos investigadores que menciona uma empresa do deputado federal João Carlos Bacelar (PL-BA).
O argumento utilizado para tentar mandar o caso Master para Nunes Marques foi que,“de acordo com notícias jornalísticas”,Bacelar também seria investigado pela Overclean. A defesa menciona uma reportagem publicada pelo site Bahia Notícias,intitulada “Com prefeito afastado pela Overclean,Boquira recebeu mais de R$ 8 mi em emendas parlamentares”.
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A reportagem,publicada em junho de 2025,faz uma única menção a Bacelar para informar que ele está entre os parlamentares que destinaram recursos ao município – R$ 575 mil via emendas pix.
“O reclamante [Vorcaro] não conhece detalhes das investigações da Operação Overclean,cujos autos estão em sigilo,mas aparentemente existem instrumentos jurídicos referentes a operações comerciais similares (operações imobiliárias),com registros encontrados de forma semelhante em cumprimento de medidas de busca e apreensão,e investigados comuns,o que sugere uma possível correlação dos feitos”,alega a defesa.
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Segundo fontes ligadas à Overclean ouvidas pela equipe da coluna,a alegação do time jurídico do dono do Banco Master,formado por oito escritórios de advocacia,não confere. Embora Bacelar tenha de fato enviado emendas para Boquira,cidade que teve o prefeito preso na operação por desvio de recursos,o deputado não é investigado,pelo menos por enquanto.
Mesmo assim,a tese encontrou respaldo de Toffoli,que determinou na última quarta-feira (3) que o foro competente para cuidar do caso é o STF.
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Com isso,qualquer nova medida que venha a ser tomada no âmbito da investigação,como a quebra de sigilo e a autorização de novas operações policiais,só pode ser tomada por ele.
“Diante de investigação supostamente dirigida contra pessoas com foro por prerrogativa de função,conforme inclusive já noticiado pela mídia formal,fixada está a competência da corte constitucional”,escreveu Toffoli em seu despacho de apenas três páginas,sem mencionar a que notícia se referia.
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“Neste sentido,qualquer medida judicial há de ser avaliada previamente por esta Corte e não mais pela instância inferior.” No mesmo despacho,decidiu manter o sigilo decretado sob a alegação de “evitar vazamentos que obstaculizem as investigações”.
Toffoli tem ligações com o Master. No ano passado,Toffoli participou de um evento patrocinado pelo banco – o I Fórum Jurídico Brasil de Ideias,organizado por uma empresária bolsonarista que já criticou “cidadãos de toga” e o “canetaço” do Supremo Tribunal Federal.
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Além dele,também participaram do evento outros ministros do STF,como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes – cuja mulher,a advogada Viviane Barci de Moraes,foi contratada pelo Master,conforme revelou o blog.
Na época,os ministros do Supremo silenciaram sobre quem bancou as despesas com hospedagem e passagem de avião para participar do evento,realizado no luxuoso hotel The Peninsula,próximo do Palácio de Buckingham,com diárias que custam cerca de R$ 6 mil.
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Procurado pelo blog,o STF informou que a livre distribuição é o caminho natural dos processos e que a análise preliminar da presidência constatou que não havia prevenção a Nunes Marques.
Já a defesa de Vorcaro não se manifestou. O espaço segue aberto.
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