
Flamengo foi campeão brasileiro de 2025 — Foto: Alexandre Cassiano
GERADO EM: 05/12/2025 - 17:59
O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO
O futebol é a maior paixão dos brasileiros,e agora dados mostram que essa paixão pode impulsionar o maior movimento de inclusão financeira da história do mercado de capitais. Pesquisa da CBF Academy com a AtlasIntel revela que 23,5% dos torcedores,cerca de 50 milhões de brasileiros,investiriam em ações de clubes. É quase dez vezes mais que o total atual de investidores na B3.
Negócio bilionário: Gigante do streaming,Netflix compra Warner e HBO Max por US$ 72 bilhões
A abertura de capital pode ser um passo estratégico para modernizar o futebol,ampliar a governança e dar escala à relação econômica entre torcedores e clubes. No mundo,vários clubes têm ações em Bolsa,alguns com free float (parcela que não está na mão dos controladores) superior a 60%,como Borussia Dortmund ou Celtic. Colo-Colo e Universidad Católica,no Chile,contam com investidores brasileiros. O Benfica,depois de resultados recordes,atingiu neste ano sua maior cotação.
Mercado de trabalho: Que empregos vão bombar na próxima década,segundo o CEO da empresa mais valiosa do mundo
No século XVII,Portugal dominava o comércio marítimo até a Holanda criar a Companhia das Índias Orientais,primeira empresa a emitir ações públicas. Ao permitir que milhares de cidadãos se tornassem acionistas,os holandeses democratizaram o investimento,ampliaram a escala das operações,superaram o modelo português baseado em capitais fechados e lançaram as bases do mercado financeiro moderno.
Os clubes brasileiros vivem momento semelhante. Precisam de capital,enfrentam endividamento crescente e buscam novas fontes de receita para competir globalmente. A abertura ao mercado de capitais pode permitir a troca de dívidas caras,financiar infraestrutura,profissionalizar a gestão e aproximar o torcedor das decisões financeiras das instituições.


A própria história dos clubes reforça essa lógica. A maioria nasceu como associações sustentadas por seus sócios,com cotas,ingressos e vida comunitária intensa. Na última década,o país assistiu à explosão do sócio-torcedor. Eles saltaram de cerca de 150 mil para mais de 2 milhões,tornando-se fontes relevantes de receita.
O mercado de capitais amplia essa vocação,especialmente em paralelo ao crescimento das apostas esportivas,que revelam um torcedor cada vez mais disposto a apostar no futebol. Comprar ações,nesse contexto,é apostar na gestão,na transparência e no futuro. A pesquisa mostra que 40% dos interessados investiriam para fortalecer seu time e 60% buscariam retorno ou diversificação,até comprando ações de clubes rivais bem administrados.
Para que isso se torne realidade,é indispensável responsabilidade financeira,transparência,limites de gastos e modelos de negócio capazes de gerar caixa — aspectos que tendem a ser estimulados pelo sistema de fair play financeiro que a CBF começa a implantar. Já existem também sinais concretos do potencial de investimento popular. A conversão de ativos em tokens digitais (tokenização) de direitos creditórios ligados ao Mecanismo de Solidariedade da Fifa,realizada por Vasco e Santos,e iniciativas como a vaquinha do Corinthians,que arrecadou mais de R$ 40 milhões,mostram que o torcedor quer participar,não apenas consumir.
O Brasil pode reinventar o futebol ao transformar paixão em patrimônio,criando mecanismos modernos,seguros e acessíveis para que o torcedor possa investir nos clubes,protegendo-os de aventureiros e investidores predatórios.
Nenhum outro país reúne condições tão favoráveis: uma das maiores economias globais,clubes com as maiores torcidas do mundo e um esporte que é prioridade nacional. Se clubes,reguladores e torcedores compreenderem esse caminho,o país poderá dar início à era do torcedor-investidor,com o futebol impulsionando o amadurecimento do mercado de capitais brasileiro e inaugurando um novo ciclo de desenvolvimento para o esporte.
*Pedro Trengrouse é presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB-RJ
Declaração: Este artigo é reproduzido em outras mídias. O objetivo da reimpressão é transmitir mais informações. Isso não significa que este site concorda com suas opiniões e é responsável por sua autenticidade, e não tem nenhuma responsabilidade legal. Todos os recursos deste site são coletados na Internet. O objetivo do compartilhamento é apenas para o aprendizado e a referência de todos. Se houver violação de direitos autorais ou propriedade intelectual, deixe uma mensagem.
© Direito autoral 2009-2020 Capital Diário de Lisboa Contate-nos SiteMap