WhatsApp. — Foto: Unsplash
GERADO EM: 27/08/2024 - 04:31
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A polêmica estava a toda no grupo de WhatsApp: gente se xingando,lacrando,enfiando o dedo na cara do outro,exigindo pedidos de desculpas,ameaçando processos judiciais e convocando advogados.
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Eu? Pleno,calmo,suave. Nem aí. Só lendo,apenas observando. Um mestre zen na arte da contemplação plácida da confusão alheia.Não digitei nem um pio. Saí ileso,sem um amigo a menos.
Como cheguei a esse estágio de autocontrole? A esse nível de contenção? Experiência,meus queridos leitores,experiência. Já fui sócio-atleta do primeiro parágrafo.
Na época da polarização a vapor,do zap movido a lenha,me metia em todo tipo de bate-boca. Achava que dar o meu pitaco era algo fundamental,que faria diferença,que convenceria os outros.
Tolinho.
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Jamais alguém foi visto mudando de opinião num grupo de zap. Pelo contrário: em 99,99% dos entreveros,os emocionados acabam radicalizando a opinião,seja qual for. Não se chega a lugar algum,a não ser a um monte de “fulano deixou o grupo”. Tem mais: na maioria das vezes a questão extrapola — e muito — o motivo que uniu os integrantes. O grupo de zap dos pais da escolinha Cantinho Feliz não vai decidir se o vencedor é Kamala ou Trump,muito menos será consultado sobre as queimadas em São Paulo e o aquecimento global. Vale a pena brigar com o pai da Valentina ou a mãe do Enzo por esses assuntos?
Temos que lembrar que a Socila não está mais na função. O que mais tem on-line é gente que acha que talheres são uma frescura pequeno-burguesa e que falar bom dia,por favor e obrigado é coisa de velho esnobe. São esses neoneandertais que aparecem correndo quando você acaba de digitar o seu ponto de vista. Sem contar os flanelinhas do ódio,que ficam só manipulando o ressentimento alheio e os onipresentes lacradores,esses bravos guerreiros da hipocrisia moral. Tô fora,já foi o tempo. Hoje fico só na arquibancada,em silêncio,indiferente às barbaridades e asneiras que são ditas no campo. Com a experiência,o “deixa pra lá” se tornou meu mantra.
Quando a bolsonarista radical usa uma bobagem qualquer para xingar os outros de comunistas,já coloco a pipoca no micro-ondas. Quando o progressista começa o discurso sobre os pronomes corretos,ponho gelo no refri. Quando a administradora suplica por educação e bom senso,é hora de sentar no sofá e ver barata-voa como se estivesse assistindo a um documentário do Discovery Channel. Vontade de participar? Nenhuma,eles que lutem.
A gente acaba aprendendo que grupo de zap não é como as redes sociais,onde se considera de bom-tom ofender os outros. Ali você dificilmente vai encontrar alguém ao vivo. Nos grupos não,o pessoal se conhece,você pode acabar dando de cara com aquele sujeito que chamou na véspera de mula sem cabeça ou encontrar numa reunião de trabalho — ou no Natal — com o “reacionário descerebrado” ou a “feminazi lacradora”. E aí? Faz o quê? Era melhor ter ficado calado. Falo por experiência,tem gente rosnando pra mim até hoje.
Não quero incentivar isentões ou alienados,mas a gente descobre com o tempo que o silêncio — digital — vale ouro.
Melhora o humor,a autoestima e,principalmente,deixa a cútis um pêssego.
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