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Veja quais são as 7 primeiras empresas do Brasil a ganhar certificado por promover equidade racial

2024-12-27 IDOPRESS

Profissionais da Vale,uma das empresas certificadas,além de Arezzo,Banco Fibra,Sesi,Senai,Super Rico,Vale e Vivo — Foto: Daniel Martins

RESUMO

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GERADO EM: 26/12/2024 - 21:55

Empresas brasileiras recebem certificação por equidade racial

Sete empresas brasileiras são as primeiras certificadas por promover equidade racial,medida pelo Pacto de Promoção da Equidade Racial. Empresas como Arezzo,e Vale passaram por ações e foram avaliadas com base no Índice ESG de Equidade Racial. A iniciativa visa mensurar e qualificar ações para inclusão de profissionais negros em todos os níveis hierárquicos,combatendo o racismo e promovendo oportunidades iguais. A certificação anual destaca as empresas comprometidas com a diversidade e inclusão.

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É cada vez mais comum entre as empresas o discurso da diversidade,mas quantas companhias de fato assumem um compromisso com a inclusão? Para responder a esta pergunta,o Pacto de Promoção da Equidade Racial criou o Protocolo ESG Racial para o Brasil. Até agora,sete empresas conquistaram certificados de compromisso com a equidade entre profissionais negros e brancos após passarem por uma série de ações que tiveram a questão racial como tema central: Arezzo,Vale e Vivo.

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O protocolo foi construído ao longo de dois anos de reuniões,oficinas e encontros com o objetivo de entender quais são as barreiras para as empresas e quais as dificuldades que profissionais negros enfrentam para ocupar espaços de liderança. O Pacto é uma associação sem fins lucrativos,criada para orientar empresas na jornada de diversidade.

Para avaliar as empresas,o Pacto criou o Índice ESG (meio ambiente,social e governança,na sigla em inglês) de Equidade Racial,que mensura o desequilíbrio racial por nível hierárquico nas empresas em relação à distribuição racial da população local,além de avaliar se as ações da companhia são de fato efetivas.

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— O protocolo e o índice do pacto são a primeira metodologia que mensura o desequilíbrio racial usando como referência os próprios dados públicos da empresa. A gente tem muitas empresas anunciando boas práticas,mas efetivamente pouquíssimas entregas. Com a aplicação de um índice matemático,a gente descarta a possibilidade de maquiagem — explica Guibson Trindade,gerente executivo do Pacto.

Atualmente,81 empresas de 26 setores da economia participam do Pacto. De acordo com Trindade,qualquer companhia pode participar,desde que seja legalmente registrada,com CNPJ ativo no Ministério do Trabalho,para que seja possível acessar seu banco de dados.

Como o índice é calculado

Primeira etapa: IEER - N1 (Nível 1) é o diagnóstico do status de equidade racial da empresa,comparando a proporção de pessoas negras entre os colaboradores da empresa,com a proporção de pessoas negras na localidade em que a empresa atua,uma vez que algumas regiões possuem maior quantidade de negros que outras.Segunda etapa: IEER - N2 (Nível 2) é o indicador de equidade racial da empresa após serem consideradas ações afirmativas que contemplem o recrutamento,permanência e promoção de profissionais negros.Terceira etapa: IEER - N3 (Nível 3) - indicador que considera os investimentos sociais voltados não só aos funcionários,mas também à população,com a temática da equidade racial.

Aprender com a experiência

Trindade diz que há uma etapa de verificação,em que as empresas comprovam documentalmente que as entregas estão sendo feitas,além de auditoria que busca confirmar se as informações são de fato aplicadas no dia a dia. A certificação acontece anualmente.

Em setembro de 2022,a Arezzo foi chamada de racista por diversos internautas nas redes sociais,após lançar campanha inspirada em estampas africanas e colocar a influenciadora Jade Picon — uma mulher branca — como garota-propaganda. Dois anos depois,em 2024,a marca de calçados e acessórios do grupo AZZAS 2154 está na lista das primeiras certificadas em equidade racial pelo Pacto.

Dafne Panatieri,especialista em Diversidade e Inclusão e Impacto Social da Arezzo,diz que a jornada de diversidade e inclusão da marca se iniciou em 2021,antes mesmo do episódio:

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— A pauta racial era um gap dentro da organização,não somente em quantidade de pessoas,mas em representações,em posições de liderança. Nossa entrada no Pacto,em 2022,nos apoiou a entender outros processos e nuances que envolvem trabalhar a temática racial,porque ela precisa ser transversal dentro da empresa. E o Pacto nos ajudou a materializar cada etapa desse processo.

Entre as ações feitas pela empresa estão um programa de estágio afirmativo para pessoas negras; programa para o desenvolvimento de talentos negros que já estão na companhia,visando cargos de gestão; além de 350 bolsas de graduação,inglês e pós-graduação,distribuídas entre os funcionários.

— A gente entendeu que o programa de entrada não era o suficiente,precisávamos olhar para as pessoas que estavam dentro da companhia. E a gente vinha num momento,que havia muitas situações de racismo em lojas nos nossos canais de ética e denúncia — conta Dafne.

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A estudante Sofia Dionizio usando touca e maiô da marca Da Minha Cor — Foto: Edilson Dantas/O Globo

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Sofia manteve as tranças e venceu um campeonato de natação graças à touca para cabelo afro — Foto: Edilson Dantas / O Globo

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Skatistas de carteirinha,Thamara e sua família usam bonés da marca Kabelera para se proteger do sol — Foto: Edilson Dantas / O Globo

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Thamara Freitas aumentou a autoestima desde que encontrou um boné que se adapta às suas tranças: “Nossas necessidades estão sendo ouvidas” — Foto: Edilson Dantas / O Globo

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Ana,de pé no centro,entre outras profissionais que refizeram fotos de formatura usando os capelos — Foto: Divulgação/Dendezeiro

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A coleção tem quatro modelos: um com furo no meio,voltado para pessoas que usam turbante; um que tem pentes-garfos na base para garantir a fixação; outro que é inspirado em uma durag; e um terceiro com presilhas. — Foto: Divulgação/Dendezeiro

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Publicidade Empreendedores criam touca de natação,boné e até chapéu de formatura que se adaptam a cabelos crespos e cacheados ou com tranças e dreads

Por isso,resolveram criar uma cartilha antirracista,material que conta com protocolo para evitar que funcionários cometam atos racistas,e que vítimas saibam como lidar com a situação,caso aconteça. Segundo Dafne,a redução das denúncias foi notória,assim como a transformação na cultura corporativa,mas ainda há desafios.

— A mudança na empresa é visível. Na Arezzo,a gente tem hoje 48% de pessoas negras,uma quantidade próxima da população brasileira [55,5%,de acordo com dados do Censo de 2022 do IBGE]. Mas quando a gente olha para a liderança,temos um compromisso público de ter,até 2030,30% de líderes negros em posições de gerente. Estamos em 22%,e a cada ano vamos construindo uma meta a mais.

Elas existem: conheça executivas negras que tomam decisões no topo das empresas e abrem portas para outras

Um estudo da Nexus,unidade de pesquisa e inteligência de dados da FSB Holding,mostrou que 47% dos consumidores brasileiros já deixaram de comprar produtos nos últimos dois anos por saber que a marca está envolvida em episódios de discriminação ou desrespeito. Já empresas acusadas de racismo foram boicotadas por 32% dos entrevistados. A pesquisa mostra que a falta de compromisso com ESG é a categoria que mais pode afetar a reputação das marcas para os entrevistados (26%).

Para Andrea Moreira,especialista em Gestão Humana e Social e em Marketing,no início do século,os consumidores brasileiros já tinham um olhar diferente para marcas sustentáveis e preocupadas com os direitos humanos,mas essa avaliação se intensificou.

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— As pessoas já optam por escolher marcas mais qualificadas,principalmente em função da cultura de cancelamento. O cancelamento existe,ele tem impacto financeiro para a empresa,para o comércio,e cada vez mais tem tido impacto na vida do funcionário de uma empresa que causa tal constrangimento.

Em 2018,a Vivo criou o programa Vivo Diversidade,voltado para questões de gênero,LGBTI+,raça e de pessoas com deficiência. Em 2024,a empresa está entre as sete que concluíram o processo de certificação em ESG Racial do Pacto,após uma trajetória de ações ligadas à questão racial.

Oportunidade de melhoria

Entre elas,a Vivo ressalta que oferece programas de trainee,estágio e de jovem aprendiz que destinam 50% dos postos a talentos negros,além de vagas afirmativas para pessoas negras em todos os níveis hierárquicos e programa para aperfeiçoar a formação de mulheres negras executivas.

— O processo para conseguirmos a certificação nos permitiu conhecer detalhadamente o que temos feito,quais nossas oportunidades de melhoria,onde investimos e quais os impactos das nossas iniciativas. Atualmente,mais de 42% dos colaboradores da Vivo são negros,sendo que 33,7% estão em cargos de liderança. Contamos com 13% de executivas negras em posições de liderança — explicou Fernando Luciano,vice-presidente de Pessoas da Vivo.

A empresa afirma que conta com iniciativas do ponto de vista de cultura organizacional,eventos voltados para o mês da consciência negra,como levar funcionários a um quilombo,e projetos com a temática racial,como curtas-metragens,exposições virtuais e ações nas redes sociais.

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De acordo com Trindade,todas as empresas certificadas pelo Pacto contam com ações sociais. É o caso da Vale,que já realizou programa de aceleração de carreira para mulheres negras,além de lançar manifesto antirracista,fazer treinamentos internos de conscientização e letramento e implementar recrutamento afirmativo para pessoas negras,com intencionalidade nas promoções internas.

— O protocolo do pacto era algo inédito no mercado para mensurar e qualificar iniciativas das empresas em prol da equidade étnico-racial de forma que os stakeholders,principalmente investidores,conseguissem compreender o nível de maturidade e o impacto das ações. Hoje,observamos nossa evolução nos principais índices ESG do mercado,que são relevantes no ambiente de investimentos — diz Hugo Arouca,gerente global de Talentos e Diversidade da Vale.

Ele afirma que hoje 67% dos empregados da Vale se autodeclaram pretos e pardos,mas que a empresa estabeleceu,em 2021,a meta de ter 40% das posições de liderança ocupadas por pessoas negras no Brasil até 2026. Atualmente,já alcançaram 37%.

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