Flamengo estreia hoje no Campeonato Carioca com time alternativo — Foto: Paula Reis /CRF
GERADO EM: 11/01/2025 - 15:37
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Disclaimer: na última quinta-feira,ao lado da querida Vanessa Riche,ex-companheira de bancada no SporTV,apresentei a festa de abertura do Campeonato Carioca. Lemos um texto que falava de craques que fizeram a história da competição — entre eles Zico,que estava presente e dá nome ao troféu deste ano —,destacava recordes de público e audiência em 2024 e apresentava novidades para a edição que começou neste fim de semana,como o VAR em todos os jogos e a linha de impedimento mais grossa. Não recebi cachê,mas se topei subir ao palco significa que no mínimo não discordo do que foi dito.
Um dos trechos mencionava comentaristas jovens de sapatênis que pregam o fim dos Estaduais. A expressão provocou risos e aplausos da plateia — não sei se mais por causa da alusão ao calçado ou à faixa etária. Mas fiquei pensando que esse não é o único perfil dos opositores da competição. Sem base em institutos de pesquisa,valendo-me apenas do que ouço nas mesas redondas e conversas informais,tenho a sensação de que o clamor já foi maior. Hoje me parece haver mais gente que defende a continuidade,mas com adaptações para que o calendário nacional não fique espremido.
E aí entra,inevitavelmente,a questão do bloqueio de datas. Disputar os Estaduais no começo do ano,entre a pré-temporada e o Brasileirão,obriga o calendário nacional a se espremer em nove meses — nos quais as competições internacionais têm prioridade. Nesse período,os times que não têm vaga entre a Série A e a Série D ficam sem jogos oficiais para disputar e se veem obrigados a dispensar seus jogadores.
Irlan Simões,do Observatório Social do Futebol,propôs a criação de uma Série E,disputada dentro de cada estado,para substituir os Estaduais — que seriam reduzidos a poucos confrontos entre os primeiros colocados e os grandes clubes. Outros países,como a Inglaterra,têm divisões inferiores regionais,mas a possibilidade de quem joga nelas enfrentar um gigante como o Manchester City só existe mesmo nas Copas.
Essa proposta esbarra na convicção de muitas federações,que consideram importante ter o seu Estadual como a principal,senão a única atração do começo da temporada (a pré-Libertadores e a Copa do Nordeste são as possibilidades de distração). E seria preciso também convencer os clubes pequenos de que é melhor ter mais jogos espalhados pelo ano do que a garantia de enfrentar os grandes de seu estado. Mesmo que o adversário escale o sub-20 e leve a partida para longe do Rio,como o Flamengo fará hoje contra o Boavista.
Não sei qual é a melhor proposta para os Estaduais,mas me ocorre uma pergunta que quem quiser elaborá-la precisa fazer: quem está insatisfeito e com o quê? Se as federações consideram seus campeonatos lucrativos — ou ao menos com potencial para isso —,é difícil encontrar incentivo para uma mudança. Se os pequenos gostariam de jogar mais e os grandes,de jogar menos,há um dilema. Se gramados ruins ameaçam a temporada de craques milionários,o problema é estrutural,e alguém precisa se responsabilizar por ele.
O futebol brasileiro nasceu estadual. Ter se tornado nacional não o obriga a descartar esse passado. A coexistência das duas esferas é complexa,mas precisa ser pacífica.
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