Incêndio destruiu parte do Camelódromo da Uruguaiana neste domingo: local já passou por outros sinistros semelhantes — Foto: Leo Martins
GERADO EM: 12/01/2025 - 19:18
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O incêndio que atingiu,na manhã de domingo,cerca de um terço do Camelódromo da Uruguaiana,no Centro,onde há 1.600 boxes que comercializam de roupas a brinquedos e eletrônicos,não foi o primeiro naquela conhecida área de comércio popular do Rio. Em novembro de 2007,um incêndio iniciado na Quadra C do Camelódromo da Rua Uruguaiana se espalhou rapidamente e destruiu 150 boxes que funcionavam no local. Na época,a prefeitura,que era comandada pelo hoje vereador Cesar Maia (PSD),levantou a suspeita de que o incidente teria participação de uma suposta “máfia chinesa”,algo que nunca foi comprovado. A mesma hipótese já havia sido levantada em outro incêndio ocorrido no local,em 2001.
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Em 2007,a destruição causada pelo fogo no camelódromo foi grande — Foto: Domingos Peixoto
Em abril de 2010,foi a vez do camelódromo que havia entre a Central do Brasil e o Terminal Américo Fontenelle ser parcialmente destruído pelas chamas. O incêndio começou por volta das 15h,quando havia bastante movimento nas mais de 500 barracas instaladas. Ninguém ficou ferido,mas Batalhão de Choque precisou ser chamado para evitar a tentativa de alguns ambulantes de invadir a área isolada para tentar recuperar mercadorias.
Na madrugada do dia 11 de outubro de 2015,um domingo,por volta das 4h,outro incêndio atingiu o Camelódromo da Uruguaiana. Na ocasião,180 boxes dos 1.300 que funcionavam no local à época foram consumidos pelas chamas. Na ocasião,o prefeito Eduardo Paes,então em seu segundo mandato,também esteve no local acompanhando os trabalhos.
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Incêndio no Camelódromo da Uruguaiana — Foto: Leo Martins
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Incêndio no Camelódromo da Uruguaiana — Foto: Leo Martins
Fogo consumiu boxes na manhã de domingo
No incêndio deste domingo,a fumaça pôde ser vista até por quem estava em bairros vizinhos. Ninguém ficou ferido. O prefeito Eduardo Paes esteve no local e prometeu ajudar os lojistas e reconstruir o espaço. A Subsecretaria municipal de Defesa Civil informou que todo o mercado está interditado e que não abrirá hoje. Mais de 60 militares de dez quartéis do Corpo de Bombeiros atuaram combatendo as chamas,que começaram por volta das 10h. O foco,que atingiu uma área de 40 metros quadrados perto do cruzamento da Rua dos Andradas com Senhor dos Passos,foi controlado em 20 minutos. Mas o rescaldo levou mais de três horas. A entrada da estação de metrô da Uruguaiana precisou ser fechada por causa da fumaça.
Bombeiro combate o incêndio e um dos boxes do Camelódromo da Uruguaiana: local já passou por outros sinistros semelhantes — Foto: Angela Goes/CBMERJ
— Isso não é a primeira vez que acontece. No outro governo (2015),a gente teve incêndio aqui. Não dá para dizer de quem é a responsabilidade. Agora,eu acho que aqui surge uma oportunidade para a gente fazer uma coisa mais definitiva e com mais qualidade. Eu já avisei aos comerciantes,que infelizmente perderam o seu comércio,que a gente vai ajudar. Todo mundo pode ficar tranquilo que a gente vai reconstruir,mas eu espero poder fazer isso de maneira mais organizada e com uma estrutura melhor — afirmou o prefeito.
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Paes lembrou de um outro incêndio,que completará 25 anos daqui a dois dias. Mais 300 lojas do Mercadão de Madureira foram consumidas pelo fogo,que levou 14 horas para ser controlado,em janeiro de 2000. O espaço só foi reaberto dois anos depois.
— Acho que a gente tem um belo exemplo na cidade do Rio,que é o Mercadão de Madureira. Também pegou fogo e era uma coisa bagunçada,mas foi totalmente recuperado e passou a ser um shopping com muita qualidade — citou o prefeito.
Apesar da promessa de Paes,alguns comerciantes já vislumbram grandes prejuízos financeiros.
— Perdi 90% do que estava lá dentro. Não consegui ver tudo porque os bombeiros pediram para a gente sair de lá. Mas,por baixo,sei que tive uns R$ 20 mil de prejuízo — contou William Sousa,proprietário do boxe 408. — Agora é começar de novo.
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Laerte Silva trabalha no mercado há mais de 20 anos com a venda de roupas infantis. Sem saber qual o tamanho do prejuízo,o morador de Brás de Pina,na Zona Norte,já tem uma certeza: ficará,por algum tempo,com as portas fechadas por conta da interdição.
— Vamos viver de quê? Como vai ser agora? É daqui que tiro meu sustento. E nem sei ainda o tamanho do meu prejuízo,porque estava em casa quando soube e vim correndo para cá — afirmou.
A localização do camelódromo gerou apreensão quanto à possibilidade de o incêndio atingir construções vizinhas,como os sobrados da Saara,centro popular de comércio que fica bem ao lado. Segundo o major Fábio Contreiras,porta-voz do Corpo de Bombeiros,um drone foi usado para identificar pontos de calor.
— Ao chegar aqui,a gente observou um setor específico do mercado popular em chamas. Era uma área de lojas de roupas e calçados,alguns depósitos de bebidas como refrigerante,e lojas de fantasia de carnaval. Tem muito material de algodão,mas também muito material sintético,que ajuda a acelerar o processo de incêndio — relatou o major: — Encontramos aqui alguns lojistas que,de maneira esperada,querem salvar os seus bens,mas nós solicitamos a evacuação do local pela própria segurança deles.
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O subsecretário da Defesa Civil do Rio,Rodrigo Gonçalves,afirmou que todo o camelódromo ficará interditado por tempo indeterminado. O órgão vai checar se algum box funcionava de maneira irregular.
— Em todo incêndio,seja de pequeno,médio ou grande porte,focamos o esforço inicialmente no combate,na estabilização do cenário. E,depois,é de praxe a Diretoria Geral de Sítios Técnicos fazer a conferência da documentação — informou Gonçalves. — Foi criado um grupo de trabalho para fazer uma intervenção neste local. A gente precisa ter um local que seja mais seguro,mais resiliente para quem frequenta e também para quem trabalha aqui.
Após o trabalho de rescaldo,a Polícia Civil fez a perícia na parte atingida para identificar as causas do incêndio. Lojistas contaram que,na última sexta-feira,parte dos boxes estava sem luz devido a um problema na parte elétrica.
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