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Como equipes de Biden e Trump trabalharam juntas para fechar acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza

2025-01-17 IDOPRESS

O presidente dos Estados Unidos,Joe Biden,e o presidente eleito Donald Trump se encontram na Casa Branca — Foto: SAUL LOEB / AFP

RESUMO

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GERADO EM: 17/01/2025 - 04:38

Equipes de Biden e Trump cooperam por cessar-fogo em Gaza

Equipes de Biden e Trump colaboram para acordo de cessar-fogo em Gaza,exemplificando cooperação entre rivais. Ambos reivindicam crédito,destacando importância da negociação. Tensão superada em prol da paz,com esforços conjuntos para libertação de reféns.

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Quando o enviado do Oriente Médio do presidente eleito Donald Trump,Steve Witkoff,se reuniu no sábado com o primeiro-ministro de Israel,Benjamin Netanyahu,para pressioná-lo por um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza,havia alguém na ligação por viva-voz: Brett McGurk,negociador de longa data do atual mandatário dos Estados Unidos,que estava em Doha,no Catar,liderando a rodada final de negociações para o tratado.

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A medida foi um exemplo de cooperação entre dois homens que representam rivais políticos ferrenhos. Raramente — se é que alguma vez — equipes de um presidente em exercício e outro recém-eleito de partidos diferentes trabalharam juntas num momento de tamanha importância,com vidas americanas e o futuro de uma guerra em jogo. Após o anúncio de que o acordo havia sido alcançado,tanto Trump quanto Biden reivindicaram publicamente o crédito pelo avanço nas negociações.

“Este acordo de cessar-fogo épico só poderia ter acontecido como resultado de nossa vitória histórica em novembro,pois sinalizou para o mundo inteiro que minha administração buscaria a paz e negociaria acordos para garantir a segurança de todos os americanos e nossos aliados”,escreveu Trump em sua rede social antes mesmo de o acordo ser formalmente anunciado no Oriente Médio.

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Na Casa Branca,Biden disse a repórteres que sua administração trabalhou incansavelmente durante meses para convencer os dois lados a interromperem os combates. O democrata classificou o trabalho como “uma das negociações mais difíceis” que já vivenciou,dando os créditos a “uma equipe extraordinária de diplomatas americanos que trabalharam sem parar”. Ao sair da sala,porém,uma repórter perguntou a ele quem deveria receber o crédito pela conquista: ele ou Trump.

— Isso é uma piada? — respondeu Biden.

Vitória compartilhada

Apesar da tensão entre o atual presidente e o próximo,seus representantes no Oriente Médio disseram ter tido um relacionamento profissional cooperativo nas semanas após a vitória de Trump nas eleições presidenciais. Na semana passada,Witkoff disse que Brett estava “na liderança” — uma descrição que foi considerada precisa por ambos os lados,mesmo que não coincidisse com o que Trump havia dito momentos antes em uma das várias declarações que fez descrevendo seus negociadores como membros essenciais para o acordo.

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A ameaça de Trump de que haveria “consequências severas” se nenhum acordo fosse alcançado na sua posse,marcada para a próxima segunda-feira,pode ter ajudado a motivar a liderança do grupo terrorista Hamas a tomar suas decisões finais. No entanto,pessoas familiarizadas com as negociações disseram que o anúncio de quarta-feira,que divulgou que um acordo para encerrar temporariamente as hostilidades em Gaza foi alcançado,foi resultado de meses de trabalho de McGurk no Oriente Médio — acompanhado por várias semanas de esforços de Witkoff.

Investidor imobiliário de Nova York,Witkoff se estabeleceu no Catar para acompanhar as negociações,sabendo que,o que quer que McGurk negociasse,ele teria de executar. De fato,os 33 reféns que previstos para serem libertados sob o acordo de cessar-fogo podem não ver a liberdade antes da posse de Trump — ou mesmo depois. A proposta atual indica que o acordo expiraria em seis semanas,a menos que a fase dois entre em vigor.

Uma pessoa familiarizada com as negociações — e que,assim como outras,falou sob condição de anonimato para descrever as discussões — disse que McGurk estava mais envolvido em acertar os detalhes do acordo,enquanto o papel de Witkoff era deixar claro que Trump queria um pacto até o momento de sua posse. Trump também tem estabelecido alguns parâmetros iniciais em suas negociações com Netanyahu,que,apesar de ter apoiado o republicano na eleição,é visto por ele como responsável por protelar o acordo.

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Witkoff voou para Israel de Doha no sábado — apesar do sabá — para reforçar a mensagem de que Netanyahu precisava aderir à proposta. O trabalho do enviado de Trump,incluindo a reunião com o primeiro-ministro israelense,ajudou McGurk e a administração Biden a pressionarem ambos os lados durante a negociação,de acordo com pessoas familiarizadas com a conversa ouvidas pelo The Times.

Reconhecimento após o acordo

Em comunicado à imprensa na tarde de quarta-feira,após o anúncio do acordo de cessar-fogo,Netanyahu elogiou Trump,agradecendo ao republicano por sua “assistência no avanço da libertação dos reféns”,bem como por ter “ajudado Israel a pôr fim ao sofrimento de dezenas de reféns e suas famílias”. A menção a Biden veio apenas na última linha do texto,com o Gabinete do premier de Israel indicando que ele também agradeceu ao democrata por sua ajuda no avanço do acordo.

Nos primeiros dias após a vitória de Trump para um segundo mandato,não estava claro que as equipes do republicano e do democrata poderiam cooperar. Apesar disso,ao comentar o assunto na quarta-feira,Biden reconheceu algum nível de cooperação e respeito entre seus assessores,afirmando que,apesar de o acordo ter sido “desenvolvido e negociado” sob sua administração,os termos serão implementados em grande parte durante o mandato do próximo mandatário.

— Nestes últimos dias,temos falado como uma equipe — afirmou Biden.

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Trump,por sua vez,disse estar “emocionado” com a perspectiva de liberdade para os reféns americanos,sem mencionar Biden ou o trabalho da administração atual. Nas redes sociais,ele declarou que sua equipe já “alcançou tanto sem nem mesmo estar na Casa Branca”,acrescentando: “Imagine as coisas maravilhosas que acontecerão quando eu voltar”.

Trabalho em equipe

McGurk e Witkoff começaram a se reunir para trabalhar no acordo de cessar-fogo logo após Biden e Trump conversarem por duas horas no Salão Oval dois dias depois da vitória eleitoral de Trump,de acordo com uma pessoa familiarizada com as negociações. McGurk informava regularmente Witkoff sobre o progresso das negociações no Oriente Médio,disse a fonte,e o convidou a se juntar a ele em Doha para a rodada final das negociações na última semana,em um processo que a pessoa disse ser “incrivelmente eficaz”.

Funcionários da administração Biden disseram acreditar que o ímpeto para um acordo começou quando Biden ajudou a intermediar um pacto separado para acabar com os combates entre Israel e o Hezbollah no Líbano. Isso isolou o Hamas e ajudou a convencer o grupo de que um cessar-fogo era de seu interesse,disseram. Mas uma pessoa próxima às negociações admitiu que a cooperação entre McGurk e Witkoff era uma evidência do que pode ser realizado quando as diferenças políticas são deixadas de lado — mesmo que apenas temporariamente.

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