Trump assina ordem executiva suspendendo financiamento federal para escolas e universidades,na Casa Branca — Foto: Haiyun Jiang/The New York Times
GERADO EM: 19/03/2025 - 20:51
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Com uma postura cada vez mais radical desde que chegou ao poder,a administração de Donald Trump já iniciou a implementação de um projeto para enfraquecer as universidades dos EUA,vistas como bastiões do pensamento liberal,progressista e multicultural. A Universidade Columbia,de Nova York,considerada uma das melhores do mundo,serviu de cobaia dessa política que foi ampliada ontem para a Universidade da Pensilvânia.
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Semanas atrás,o governo Trump anunciou a suspensão do repasse de fundos federais e de contratos para Columbia no valor de US$ 400 milhões. Agora,foram bloqueados cerca de US$ 175 milhões para a Universidade da Pensilvânia,conhecida como UPenn. O impacto será enorme nas mais variadas disciplinas,de Medicina a Engenharia. Segundo levantamento do New York Times,entre as pesquisas suspensas em Columbia estão uma na qual acadêmicos desenvolviam mecanismos de inteligência artificial para detectar sinais de câncer de mama e outra que estudava demência em pacientes com diabetes. Há dezenas de outros exemplos similares que podem impactar negativamente na vida de pessoas não apenas nos EUA,mas como de lugares como o próprio Brasil e outras partes do mundo.
Tanto Columbia quanto a UPenn integram a Ivy League,como é chamado o grupo das oito mais tradicionais universidades dos EUA. Ao todo,contando ex-alunos e professores,Columbia recebeu 109 prêmios Nobel,sendo 33 de física,23 de medicina,17 de economia,16 de química,8 da paz e 6 de literatura. Três presidentes estudaram em Columbia — Theodore Roosevelt (1901-1909),Franklin Roosevelt (1933-1945) e Barack Obama (2009-2017). A UPenn,que tem a melhor escola de administração dos EUA,também recebeu dezenas de Nobel e teve um ex-aluno como presidente — curiosamente,Trump.
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Os argumentos para a suspensão dos repasses são frágeis. No caso de Columbia seria porque a universidade não combateria o antissemitismo. Como se Trump se importasse com isso e Columbia,com um em cada cinco alunos judeu,não combatesse o antissemitismo (basta ver a quantidade de alunos suspensos e expulsos). Vale lembrar que a segunda figura mais poderosa do governo Trump é Elon Musk,que fez uma saudação nazista na posse presidencial. Além disso,Trump,no passado,celebrou supremacistas brancos que entoavam gritos contra judeus. Por último,o presidente é amigo de Kanye West,o mais notório antissemita dos EUA.
No caso da Pensilvânia,o argumento seria o de que a universidade permite que transgêneros disputem esportes femininos. Pode-se questionar e há um enorme debate sobre esse tema,mas a UPenn simplesmente segue as regras de órgãos como o Comitê Olímpico Internacional. Punir toda a universidade por esse motivo? Claramente,o foco de Trump é enfraquecer as universidades por estas serem as grandes defensoras de valores liberais,progressistas e multiculturais nos EUA.
Um dos motivos de os EUA serem o que são está na qualidade de suas universidades. Basta ver como elites latino-americanas,asiáticas e africanas querem enviar seus filhos para estudarem justamente em lugares como a Columbia e a UPenn. Essas universidades talvez sejam o maior soft power americano. E Trump,com sua agenda radical,quer destruir séculos de história dessas instituições. Ele próprio sempre se vangloriou de ter um diploma da UPenn.
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