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‘Há tortura e violência, e as pessoas estão com medo’, diz padre Lancellotti sobre espalhamento da cracolândia por SP

2025-05-16 IDOPRESS

Sob o viaduto Vinte e Cinco de Março: mais de 50 usuários na região — Foto: Edilson Dantas / O Globo

RESUMO

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GERADO EM: 15/05/2025 - 18:15

Padre Júlio Lancellotti critica gestão da Cracolândia e denuncia abusos policiais

O padre Júlio Lancellotti criticou a gestão da Cracolândia em São Paulo,afirmando que a dispersão dos dependentes químicos ocorreu por ameaças e violência policial,sem dados que comprovem avanços reais,como celebrou o prefeito Ricardo Nunes. A prefeitura e a polícia negam excessos,destacando ações de acolhimento e segurança. Lancellotti pede transparência e denuncia torturas e ameaças.

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Pároco da Igreja de São Miguel Arcanjo,no Centro de São Paulo,e referência nacional por seu trabalho com a população em situação de rua,o Padre Júlio Lancellotti critica as políticas adotadas pela prefeitura da capital paulista na Cracolândia,que desde o início da semana teve sua principal concentração esvaziada. Na manhã da última quinta-feira (15),o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou ser preciso “comemorar o avanço” na região. O religioso,entretanto,disse ao GLOBO que não há dados para comprovar melhora alguma. E que a saída das pessoas do “fluxo” da Rua dos Protestantes se deu "por ameaças de policiais militares e guardas municipais".

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— É ele (o prefeito) quem pode explicar "o avanço". Sumiu lá (na Rua dos Protestantes) e aumentou o número de pessoas na Praça Marechal Deodoro? Sumiu lá e aumentou o número de pessoas no Glicério? Aumentou em Guarulhos,aumentou na Zona Norte? Para comemorar o avanço,é preciso mostrar números. O avanço não pode ser de fotografia — afirmou Lancellotti ao GLOBO.

Lancellotti contou que tem recebido nos últimos dias,na Pastoral do Povo de Rua,iniciativa que coordena,pessoas que contam terem sofrido agressões físicas e verbais para sair da Cracolândia. Segundo ele,na quinta-feira (15/5) em que O GLOBO esteve no local,um homem afirmou ter sido torturado por agentes da segurança pública,nos pés. O padre pede “transparência da gestão municipal" ao explicar o “sumiço” da Cracolândia.

— Uma pessoa que veio de lá nos mostrou seus pés torturados e relatou (ter sido ameaçado com) revólver na boca. Tudo é feito individualmente para que ninguém testemunhe. A violência,os relatos que a gente tem,são esses,há outras pessoas,tem muita gente com medo. Eles estão sendo muito ameaçados,a GCM e a PM os fotografou contra a vontade deles. — acrescentou o padre.

Procurada para se manifestar a respeito das denúncias do padre,a Prefeitura de São Paulo afirmou ao GLOBO,em nota,não compactuar "com conduta inadequada,repudiando veementemente qualquer ação dessa natureza" e que "denúncias de excesso policial devem ser feitas às Corregedorias das polícias".

A nota segue informando que "em lugares com ocupações momentâneas ou periódicas na cidade,por pessoas em situação de rua,usuários ou não de drogas,a Prefeitura realiza abordagens de forma ativa por 1.600 agentes,que oferecem acolhimento e encaminhamento a serviços de saúde e assistência social,seguindo todos os protocolos". E destaca que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) "permanece em patrulhamento por toda a região central para garantir a segurança e coibir o tráfico de drogas".

Já a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) afirmou,também em nota ao GLOBO,que "as forças de segurança têm atuado de forma integrada,buscando atacar o ecossistema do crime organizado na região". E que "é importante ressaltar que as forças de segurança do Estado são instituições legalistas,que não toleram excessos ou desvios de conduta. Qualquer denúncia de abuso por parte dos agentes de segurança do estado é rigorosamente investigada pelas corregedorias das instituições".

O prefeito Ricardo Nunes visitou nesta quinta-feira o Serviço de Cuidados Prolongados Álcool e Drogas Boracea,na Barra Funda,unidade da Prefeitura de São Paulo que recebe,para tratamento,pessoas que estão na Cracolândia. Lá,o afirmou que a atuação nas cenas abertas de uso de drogas “é longa” e inclui assistência social,saúde e segurança pública. Também reafirmou que houve sim “avanço”.

— Tivemos um resultado bastante positivo sobre as cenas abertas de uso,que evidentemente não está resolvido,mas avançou bastante. E por conta dessas ações,a gente fica muito feliz com esses resultados e com o investimento que a prefeitura desenvolveu — celebrou Nunes,destacando haver "confusão entre aglomerações de pessoas em situação de rua com cenas abertas de uso (de ilícitos)".

Técnicos da prefeitura informaram que há 32 ruas mapeadas onde os dependentes químicos circulam neste momento pelo Centro,entre elas as Alamedas Glete e Cleveland,a Rua Helvétia e a Rua Barão de Piracicaba. O mapeamento é feito diariamente para que assistentes sociais e equipes de saúde atuem nos pontos específicos. Eles frisam que "não necessariamente as pessoas que estavam na Protestantes foram para estes locais".

O GLOBO mostrou,nesta quarta,que,com a Rua dos Protestantes esvaziada,dependentes químicos têm se espalhado por diversos pontos do Centro da cidade. Um dos pontos mais críticos fica embaixo do Viaduto Vinte e Cinco de Março,próximo à rua de mesmo nome,famosa pelo comércio popular. Por ali,duas aglomerações concentram cerca de 50 pessoas usando crack e outras drogas em plena luz do dia. O túnel que passa sob a Praça Roosevelt também passaram a atrair dependentes químicos,bem como ruas do Bom Retiro nas proximidades da Avenida do Estado e nos arredores da Praça Princesa Isabel.

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